28/02/2019 às 17h21min - Atualizada em 28/02/2019 às 17h21min

BRB: preso, Ricardo Leal, arrecadador de Rollemberg, vai para a Papuda

Denunciado pelo Ministério Público Federal por liderar esquema de corrupção no Banco de Brasília, ele perdeu o direito à prisão domiciliar

METRÓPOLES

O arrecadador de campanha do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), Ricardo Leal (foto em destaque), perdeu o benefício da prisão domiciliar e será novamente levado pela Polícia Federal ao Complexo Penitenciário da Papuda, nesta quinta-feira (28/2). Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Circus Maximus, por liderar o suposto esquema de desvios de recursos no Banco de Brasília (BRB).

A medida foi adotada após a 10ª Vara de Justiça Federal restabelecer ordem de prisão preventiva contra ele. O ex-presidente do BRB Vasco Rodriguestambém deveria ter sido levado para a Papuda nesta quinta (28). Mas ele não foi localizado pela PF até a publicação desta reportagem.

O ex-executivo do banco foi preso com Leal no dia 29 de janeiro. Entretanto, acabou conseguindo um habeas corpus e sendo liberado. Porém, a mesma decisão da 10ª Vara determinou que ele fosse preso de novo.

 

Apelidado de Chuck, Criança ou Kid, pela precocidade com que iniciou suas peripécias financeiras, Ricardo Leal foi arrecadador das campanhas de Rodrigo Rollemberg (PSB) ao Senado (2010) e para o Governo do Distrito Federal em 2002 e 2014. Em 2015, Leal assumiu o comando do Conselho de Administração do BRB, indicando vários nomes de sua confiança para o corpo diretivo do banco.

De acordo com delação feita ao Ministério Público Federal (MPF) pelo empresário Ricardo Siqueira Rodrigues, Ricardo Leal teria recebido R$ 100 mil em dinheiro de propina para saldar dívidas de campanha do ex-governador.

O advogado de Vasco Gonçalves, Iuri Cavalcante Reis, informou que vai recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele afirmou que o ex-presidente do BRB se apresentará ainda nesta quinta (28). O defensor de Ricardo Leal, Hamilton Carvalhido, disse que também recorrerá à Corte superior: “Vamos postular nova medida cautelar”.

Henrique Domingues Neto, da corretora BI Asset Management (BIAM DTVM), também foi preso. Ele é apontado como o elo entre empresas, o grupo Banco de Brasília (BRB) e seu conglomerado. Segundo peça do Ministério Público Federal, ele teria cobrado e recebido por fora, em caixa 2 ou ocultamente, os valores milionários de cada investimento de ações dos empreendimentos Praça Capital (Grupo Brasal), em Brasília, e LSH Barra, ex-Trump Hotel, no Rio de Janeiro. Ambos feitos em fundos administrados pela BRB/DTVM.

Outras decisões
A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF-1) também derrubou a decisão que mantinha em liberdade o empresário Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do ex-presidente da República João Baptista Figueiredo. De acordo com as investigações, cabia a ele autorizar pagamentos de propina envolvendo o LSH Barra RJ, além de participar da lavagem de dinheiro.

Paulo Renato não chegou a ser preso durante a operação, em janeiro, por estar nos Estados Unidos. Entretanto, conseguiu um habeas corpus para responder ao processo em liberdade.

Os empresários Felipe Bedran Calil e Henrique Domingues Neto também tiveram os pedidos de soltura negados pelo colegiado. Os dois são acusados de emitir notas fiscais falsas para lavar o dinheiro envolvido nas operações suspeitas. A reportagem não conseguiu apurar se eles foram presos novamente.

Investigações
Operação Circus Maximus apura transações suspeitas no BRB. São citados na ação os empreendimentos do Edifício Praça Capital, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA); do LSH Lifestyle Hotel, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro; e a reestruturação da dívida do jornal Correio Braziliense, que tem sede no Setor de Indústrias Gráficas (SIG).

O MPF apontou, com base na diligência da força-tarefa da Greenfield, a existência de esquema criminoso instalado na cúpula do BRB que movimentou, segundo investigadores, R$ 400 milhões da instituição financeira – que tem 96,85% das ações ordinárias controladas pelo Governo do Distrito Federal.

Os procuradores estimam que atividades fraudulentas movimentaram mais de R$ 40 milhões em propinas. De acordo com o MPF, os suspeitos “organizaram uma indústria de propinas e favorecimentos para investimentos em detrimento do procedimento técnico e da boa gestão que se espera das instituições financeiras”. Dezessete pessoas foram denunciadas.


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