01/03/2019 às 06h56min - Atualizada em 01/03/2019 às 06h56min

Líder de cartel preso no DF já foi condenado por Moro e tem patrimônio milionário

Lúcio Rueda Bustos possui de imóveis a carros de luxo. Ele foi preso em hotel de Brasília na quarta-feira (27/2)

METRÓPOLES
Preso na tarde dessa quarta-feria (27/2) em um hotel de luxo no Setor Hoteleiro Norte (SHN), Lúcio Rueda Bustos – antigo chefe do Cartel Juárez, um dos maiores do México – já foi condenado pelo ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça, por lavagem de dinheiro. Agora, ele corre o risco de ficar sem um patrimônio milionário em imóveis que adquiriu no Paraná, São Paulo e Santa Catarina
 

Na sentença do então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, o ex-chefão do tráfico em Juárez recebeu a sentença de 10 anos e seis meses de prisão; cumpriu quatro e foi solto. O esquema do qual Rueda fazia parte chegou a movimentar US$ 200 milhões por semana e era responsável por 50% dos entorpecentes que entravam nos Estados Unidos. A Ciudad Juárez fica na fronteira com o México, mas era pelo ar e por navios que a droga chegava aos EUA.

Rueda responde a uma série de ações penais na Justiça, entre as quais as que resultaram em desdobramentos da Operação Zapata, ação na qual foi preso em 2006. Os processos foram instaurados para o sequestro e confisco de carros de luxo e imóveis, adquiridos por meio do tráfico internacional de drogas. Os bens foram colocados no nome da mulher, Cíntia Plascência, no intuito de dar aparente legalidade à origem do dinheiro.

 

 

O ex-líder do cartel veio para o Brasil em 2002 para lavar dinheiro no interior do Paraná, onde adquiriu vários imóveis. À época, ele desembarcou em Curitiba com US$ 30 milhões.

Ao ser preso, o ex-lider de cartel se identificou como Ernesto Plascencia San Vicente, apresentando um documento fraudado, retirado a partir de uma certidão de nascimento falsa.

Vida de luxo
De acordo com o diretor adjunto da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), delegado Luiz Henrique Dourado, policiais investigavam o grupo, que estava hospedado havia dias no local, desde que receberam uma denúncia. Eles chamaram atenção porque consumiam produtos de alto valor, gastavam com garotas de programa e sempre pagavam tudo em dinheiro.

“Contaram versões divergentes. Eram dois mexicanos e mais quatro pessoas de outros estados. Desconfiamos e os levamos para a delegacia. Ao checar a documentação, vimos que Lúcio Rueda estava com a identidade e a habilitação fraudadas. Além disso, encontramos R$ 30 mil em espécie no quarto dele. Também localizamos joias”, explicou Dourado.

Após ser preso, Lúcio Rueda Bustos, o segundo na hierarquia do cartel, afirmou em depoimento que tinha dois nomes e todos seus documentos eram verdadeiros. “Ele é frio e mente com facilidade”, descreveu o delegado. O suspeito passou por audiência de custódia na Justiça nesta quinta-feira (28) e a prisão em flagrante foi convertida em preventiva.

“Em que pese já tenha cumprido sua pena, não se passaram cinco anos da extinção e ainda é considerado reincidente. Neste diapasão, a concessão de liberdade provisória ou a aplicação de medidas cautelares não são recomendáveis”, justificou a juíza Lorena Alves O’Campos.

A prisão dessa quarta pela PCDF deixou policiais federais em alerta, uma vez que ainda é preciso investigar se o suspeito mantém atividades criminosas na capital do país.


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