De acordo com a ocorrência registrada na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), “dois motoristas se desentenderam, após leve colisão de trânsito e discussão, e um deles acabou agredindo o outro com um tapa”. O acusado pela violência física é o diplomata, conselheiro do Itamaraty. O cargo fica abaixo apenas do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
A Polícia Civil do DF informou que ambos os envolvidos foram ouvidos e assinaram o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Depois, acabaram liberados. A mulher foi submetida à exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML).
Policiais militares que estavam no local presenciaram a agressão, assim como a irmã da motorista. A testemunha também trabalha no Itamaraty. Os PMs levaram o diplomata, a mulher e a irmã para a delegacia.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse ter tomado conhecimento do caso pela mídia. “O servidor será prontamente chamado a esclarecer o incidente, para que o Itamaraty possa avaliar as medidas administrativas a serem eventualmente adotadas”, acrescentou.
Também por meio de nota, a presidente da Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical), embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues, defendeu a imediata apuração dos fatos e disse ainda que “repudia veementemente quaisquer atos de violência, em especial contra mulheres”.
A entidade, criada há 30 anos e que representa cerca de 1.600 associados, prometeu acompanhar o caso “para que as providências cabíveis sejam tomadas em acordo com a lei, preservando os envolvidos quanto à ampla defesa e ao contraditório”.
Procurado pela reportagem, o diplomata afirmou que não iria se pronunciar sobre a acusação. A motorista que o acusa de agressão também não quis se manifestar.
Outro caso
No ano passado, outro diplomata foi preso pela Polícia Militar suspeito de agredir a companheira no apartamento onde moravam. Um dia após o ocorrido, Renato de Ávila Viana foi demitido do Ministério das Relações Exteriores. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
A demissão, no entanto, não está relacionada diretamente à prisão. A medida é resultado de processo administrativo disciplinar (PAD) aberto após denúncias de uma ex-namorada de Viana, que ainda briga na Justiça pela condenação dele por tê-la espancado. Conforme consta em ação judicial, o servidor do MRE arrancou o dente da companheira com uma cabeçada. O funcionário público poderá recorrer da decisão na Justiça.
O passado do servidor público é marcado por denúncias de crimes. Ele já respondeu a três PADs na Corregedoria do Serviço Exterior do MRE, após registros de ataques a duas mulheres em outros países e a mais duas no Brasil. Em território estrangeiro, Renato Viana desfrutou da imunidade diplomática: as autoridades locais não puderam investigá-lo, precisando recorrer ao Itamaraty.