A “valorização”, entre 2013 e 2015, dos caminhões de lixo de uma das empresas que prestam serviço no Distrito Federal não se traduziu em boas condições para os responsáveis pela limpeza da capital. Segundo denúncia do sindicato da categoria (Sindlurb), garis estão atuando em situação precária, que ameaça a integridade física e até mesmo a vida não só desses trabalhadores, mas também da população.
Os problemas incluem ferrugem, vidros quebrados em ônibus e caminhões de lixo, compartimentos que liberam chorume e veículos sem freio. As más condições podem causar acidentes fatais nas vias do DF, como o que vitimou a gari Crisangela da Cruz Silva, em 18 de fevereiro. Enquanto isso, a Valor Ambiental e a Sustentare receberam, desde 2017, R$ 410 milhões dos cofres públicos em contratos emergenciais.
As empresas são as responsáveis por fazer os serviços de coleta, remoção de resíduos sólidos domiciliares e recicláveis, entre outros. Mesmo com os pagamentos por parte do governo em dia, um grande número desses veículos apresenta falhas nas portas e vidros, de acordo com o Sindlurb. Alguns estariam rodando com freios vencidos, o que coloca em risco a vida dos trabalhadores.
Na quinta-feira passada (7/3), o sindicato visitou o Distrito de Limpeza do P Sul, em Ceilândia. Eles verificaram que os veículos não estavam em condições adequadas para o trabalho dos garis. No dia seguinte (8), o grupo fez uma blitz na garagem do Gama e flagrou problemas ainda mais graves em oito caminhões.
“Seguramos todos. Nenhum foi para a rua até receber pelo menos uma manutenção de emergência. Pneus carecas, vidros, portas, bancos quebrados. Tinha uma porta que, mesmo fechada, balançava igual vara verde. A caçamba de número de registro 73 estava com um documento de 2017. O caminhão tem que sair com documentos atualizados, do ano”, contou Morais.
Idade avançada
Além disso, grande parte dos veículos está nas ruas com idades muito além do recomendado. “Isso a gente vê mais na Valor Ambiental: os veículos Volkswagen deles estão com tempo de rodagem de nove a 10 anos. E a vida útil desses caminhões não deveria passar de cinco anos”, alertou o sindicalista. De acordo com o Sindlurb, os dois pontos visitados são de responsabilidade da Valor Ambiental.
Na avaliação de Raimundo Morais, o descaso com os caminhões está prestes a causar um acidente grave. Ele contou que, recentemente, um caminhão ficou sem freio quando ia de Santa Maria para o Gama. Perto do presídio feminino popularmente conhecido como Colmeia, a falha quase levou a uma colisão. No veículo estavam três coletores e o motorista.
“O Serviço de Limpeza Urbana [SLU] é o executor do contrato. A fiscalização não é feita. Você vê que não há condições de uso. Fica nítida a omissão. O governo alega que se trata de contrato emergencial, não pode fazer licitação, mas torra um absurdo de dinheiro”, reclama o sindicalista.
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