A transferência do presidiário Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, de Porto Velho (RO) para o Presídio Federal de Brasília, na sexta-feira (22/3), acendeu o sinal de alerta entre as lideranças políticas do Distrito Federal. Por ser um dos criminosos mais perigosos do Brasil, há riscos para a segurança pública local, segundo avaliam os representantes eleitos do DF. O tema fez com que diferentes grupos ideológicos se unissem para tentar reverter a permanência do principal líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) a poucos quilômetros do centro do poder brasileiro.
Vice-líder do governo Jair Bolsonaro (PSL) no Senado, Izalci Lucas (PSDB) ficou contrariado com a decisão unilateral do governo federal, tomada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. “Quando você traz um preso desse porte para Brasília, é natural que pessoas ligadas a ele se mudem para cá também”, frisou. Ainda segundo o congressista, “o grande problema hoje é que, mesmo em presídios de segurança máxima, os criminosos mantêm o comando do crime porque têm contato com advogados e parentes”.
É o cúmulo do absurdo você construir uma penitenciária federal para abrigar presos de alta periculosidade na capital de um país, perto do poder, das embaixadas. Esse complexo deveria ter sido feito longe, como na Ilha de Marajó, no Pará, ou até mesmo em Rondônia. Não no DF. É um risco enorme para a cidade" Izalci Lucas, senador pelo PSDB-DF e vice-líder do governo
A deputada federal Paula Belmonte (PPS-DF) lembrou já ter enviado ao ministro Sergio Moro pedido para que o recém-inaugurado Presídio Federal de Brasília fosse desativado. O argumento é o mesmo de outros colegas de parlamento: a proximidade com os três Poderes. Paula ressaltou que a unidade, aberta parcialmente em outubro do ano passado, tem “baixíssima população carcerária confinada”, e sugeriu que a destinação dada à área, a qual funciona no Complexo Penitenciário da Papuda, seja repensada.
Também integrante da bancada do DF no Congresso, a deputada Celina Leão (PP) é aliada de Bolsonaro na Câmara, mas criticou a transferência de Marcola. “Qual tipo de ajuda o governo federal vai dar para o GDF [Governo do Distrito Federal] arcar com a estrutura necessária a fim de se evitar problemas? Nada, zero. É um absurdo. Já solicitei audiência com o ministro Moro”, afirmou.
Segundo Celina, Brasília nunca havia abrigado integrantes de grandes facções. “Agora o governo Bolsonaro faz isso? Parece que aquele slogan de campanha [Menos Brasília, Mais Brasil], agora faz sentido. Mas é bom lembrar a quem tomou essa decisão que, assim como nós, da cidade, o Marcola será vizinho deles também, que moram aqui durante a semana.”
Reações na Câmara Legislativa A chegada do líder da facção criminosa PCC também repercutiu na Câmara Legislativa (CLDF). Um dos primeiros da Casa a partir para o ataque contra a decisão foi o distrital Chico Vigilante (PT). “Cada estado tem que cuidar dos seus presos. O Marcola é de São Paulo, portanto é lá que ele tem que ficar. É inadmissível que Bolsonaro e Moro, por conta da queda da popularidade do governo, tentem desviar a atenção com uma atitude como essa, para despistar a opinião pública. Brasília não precisa importar bandido nenhum”, disse o petista.
Líder do governo Ibaneis Rocha (MDB) na Câmara Legislativa, Cláudio Abrantes (PDT) também reclamou do novo morador do Distrito Federal. “Acho desastroso, pois é um peso para nosso sistema de segurança e para a população. Não cabe ao DF ter que abrigar esse líder criminoso. Nossa polícia impediu que ele atuasse aqui quando estava solto; e agora, prisioneiro, o mandam para cá?”, questionou.
Único integrante do PSol na CLDF, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Fábio Felix, faz um alerta ao governo local: será preciso investir ainda mais em inteligência para combater o poder das organizações criminosas, além de reforçar a proteção dos direitos humanos nas prisões e no sistema socioeducativo. “O Distrito Federal já tem muitos problemas. Lidar com organizações criminosas como o PCC ou o Comando Vermelho não deveria ser um deles.”
O deputado Eduardo Pedrosa (PTC) também engrossou o coro dos que classificam Marcola como visitante indesejado. “Estamos trabalhando duro para garantir a segurança da população do DF. Não podemos aceitar que o governo federal transfira para nossa cidade um problema desses. Já temos questões demais para resolver. Outra preocupação é que, com ele, virão membros da facção, colocando em risco a população”, diz o distrital.
Do governo à oposição, políticos do DF repudiam vinda de Marcola
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Avião da FAB aterriza em Brasília Hugo Barreto/Metrópoles
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Comboio chegou às 14h26 ao presídio federal de Brasília Hugo Barreto/Metrópoles
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Presos foram trazidos em avião da FAB para Brasília Hugo Barreto/Metrópoles
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Comboio rumo ao presídio federal de Brasília Hugo Barreto/Metrópoles
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Avião da FAB aterriza em Brasília Hugo Barreto/Metrópoles
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Comboio chegou às 14h26 ao presídio federal de Brasília Hugo Barreto/Metrópoles
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Presos foram trazidos em avião da FAB para Brasília Hugo Barreto/Metrópoles
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Comboio rumo ao presídio federal de Brasília Hugo Barreto/Metrópoles
Isolamento Na manhã dessa sexta-feira (22/3), o governador do DF, Ibaneis Rocha, já havia criticado a decisão do Ministério da Justiça e, logo depois, usou as redes sociais para tentar acalmar a população. Pelo Twitter, o emedebista pediu apoio à sociedade civil para ajudar a convencer o presidente da República, Jair Bolsonaro, a recuar da decisão. O chefe do Executivo distrital já solicitou agenda emergencial com Sergio Moro e aguarda a confirmação.
“O Distrito Federal não foi feito para receber o crime organizado. O lugar dessas pessoas é bem longe das capitais, porque esses bandidos precisam de isolamento. Não é a 6 km do Palácio do Planalto que nós teremos esse isolamento. Espero muito que a sociedade do DF e o país como um todo defenda a sua capital. Brasília é a capital da República e assim deve ser tratada”, declarou o titular do Palácio do Buriti.
O Distrito Federal tem governo e este governo não admite a entrada do crime organizado na Capital Federal. Estamos empenhados em cuidar de nossos problemas, e não vamos tolerar que queiram transferir um problema que é do Governo Federal para a vida de nossa população.