30/03/2019 às 07h41min - Atualizada em 30/03/2019 às 07h41min

MPDFT denuncia líderes da Kriptacoin por tentativa de homicídio

Um gerente do BRB teve o carro atingido por nove tiros e só escapou da morte porque os irmãos erraram a mira, segundo promotor

MIRELLE PINHEIRO
METRÓPOLES

Presos e condenados por liderar o esquema de pirâmide financeira mascarado da moeda digital Kriptacoin, os irmãos Welbert Richard e Weverton Viana Marinho foram denunciados novamente pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Desta vez, por tentativa de homicídio. A vítima é um gerente do Banco de Brasília (BRB).

Segundo o promotor de Justiça Leonardo Jubé de Moura, que assina a denúncia, no dia 23 de agosto de 2007, por volta de 15h, os acusados – “previamente ajustados, com intenção de matar” – fizeram disparos de arma de fogo contra a vítima, que mora no Park Way, próximo ao Núcleo Bandeirante.

Os acusados iniciaram a execução de um crime de homicídio, que não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade. Eis que, por erro de pontaria, não lograram atingir a vítima, que estava no interior de um veículo e conseguiu fugir"

promotor de Justiça Leonardo Jubé de Moura

À época, os irmãos eram sócios de uma empresa de veículos e clientes do banco. Ainda de acordo com a denúncia, os Marinho chegaram a fazer uso de “laranjas” para conseguir fazer transações financeiras.
 

Houve uma negociação malsucedida entre os envolvidos. No dia anterior ao crime, a vítima encontrou casualmente Welbert em um bar e o abordou, questionando sobre o fato. Então, eles se desentenderam, discutiram e trocaram agressões físicas. Welbert teria feito ameaças ao gerente.

De acordo com a denúncia, no dia seguinte, os irmãos se juntaram com um terceiro suspeito, ainda não identificado, e foram armados à residência do servidor. O trio estava em duas motocicletas. Chegando ao condomínio residencial, encontraram a vítima dentro do carro, preparando-se para sair. Os acusados passaram a disparar com uma pistola calibre .9 mm e outra .380. A vítima acelerou e conseguiu escapar. O veículo foi atingido por nove disparos. Em seguida, o trio fugiu.

O promotor ressalta que a ação criminosa teve motivação fútil e ocorreu após discussão banal envolvendo a transação comercial. “Ademais, foi praticada mediante emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, abordada junto à sua residência, no interior de seu automóvel, por elementos armados.” A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos irmãos.

Condenação
Em 23 de abril, o juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Osvaldo Tovani condenou 13 pessoas envolvidas na Kriptacoin. Para o magistrado, a forma, a rapidez e a intensidade como o dinheiro foi gasto demonstram a origem ilícita dos recursos. Em torno de 40 mil indivíduos teriam investido na moeda virtual e ficaram no prejuízo.

O esquema movimentou pelo menos R$ 250 milhões. Para tentar ressarcir as vítimas lesadas pelo esquema, a Justiça autorizou o leilão de carros de luxo da quadrilha, apreendidos durante a operação. A venda on-line está em andamento. Clique aqui para obter mais detalhes.


Weverton Viana Marinho é apontado como o líder do grupo. Ele criou a moeda digital e presidia a Wall Street Corporate, além de realizar palestras e recrutar investidores. Segundo o juiz Osvaldo Tovani, “foi quem mais se beneficiou do esquema”. Weverton adquiriu carros de luxo, como um Porsche e uma Ferrari por R$ 310 mil e R$ 1,2 milhão, respectivamente. Tovani definiu a pena dele em 11 anos, 5 meses e 10 dias de prisão, em regime inicial fechado.

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