Adnaldo Lima tem 41 anos, há dez, descobriu que tinha hanseníase. A doença deixou como sequelas a perda parcial dos movimentos e falta de sensibilidade nos pés e nas mãos. Encaminhado ao Hospital Dia, ele passou a ser acompanhado pelo Programa de Prevenção e Controle da Hanseníase e já apresenta melhoras. Parte do sucesso do tratamento se deve às órteses e palmilhas produzidas pela própria equipe multiprofissional da unidade.
"Na época, sentia fisgadas que me causavam muitas dores. Depois do diagnóstico, iniciei o tratamento de fisioterapia, passei a usar as palmilhas todos dias e uma órtese que me ajuda a levantar a perna quando caminho. Comecei a sentir melhora já nas primeiras sessões", descreve o paciente.
A ideia de produzir os equipamentos começou em 2004, a partir da iniciativa pioneira do fisioterapeuta Silvio Parente. Ele tomou a decisão depois de participar de um curso de capacitação voltado para a reabilitação de pacientes com hanseníase oferecido pelo Ministério da Saúde.
"As palmilhas e órteses têm um papel fundamental no trabalho de reabilitação dos usuários do nosso serviço. Como a doença ataca os nervos dos músculos e leva a consequente perda de movimento no local afetado, além da falta de sensibilidade nos membros inferiores e superiores, o paciente acaba desenvolvendo úlceras [feridas] e é nesses problemas que essas ferramentas atuam", ressalta Silvio.
Segundo o profissional, as palmilhas auxiliam diretamente na prevenção e tratamento de úlceras já existentes e as que possam surgir devido o paciente apresentar "pisada" incorreta. Já as órteses para mãos e pés, funcionam como um mecanismo de substituição ao músculo que perdeu a mobilidade, como, também, uma forma de fisioterapia para a recuperação gradativa dos movimentos.
Todo processo de fabricação desses utensílios é feito numa sala da unidade transformada em oficina. Atualmente, trabalham na produção além do próprio Silvio, a terapeuta ocupacional, Cristina Gonçalves.
ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL – O tratamento ofertado pelo Hospital Dia é feito por equipe multiprofissional que inclui enfermeiro, técnico de enfermagem, terapeuta ocupacional, dermatologista e ortopedista.
A enfermeira do ambulatório de hanseníase da unidade, Leidijany Paz, relata que o bom resultado do tratamento depende do trabalho de equipe, pois a melhora do paciente está condicionada desde o uso da palmilha correta até a limpeza total da úlcera e a finalização com o curativo. "Dependemos do esforço de cada profissional da equipe, porque não é possível ter progresso quando há a falta de algum deles", enfatiza.
REFERÊNCIA – O Hospital Dia é reconhecido como uma unidade de referência pelo Ministério da Saúde no tratamento da hanseníase. É priorizado o atendimento de pacientes encaminhados pelas unidades da rede de saúde que precisam de apoio para casos com intolerância medicamentosa, diagnóstico neural, cirurgia de descompressão de nervos e reabilitação física.
De 2015 a 2016, foram entregues palmilhas ortopédicas a 214 pacientes.De acordo com dados parciais obtidos a partir dos perfis de atendimentos, porque o mesmo paciente pode realizar mais de um tipo de acompanhamento, o ambulatório realizou 1.548 acolhimentos em 2016.