01/04/2019 às 06h46min - Atualizada em 01/04/2019 às 06h46min

Homem seguiu e filmou ex-mulher antes de matá-la com tiro no olho

Nas imagens, Matheus Cardoso Galheno ameaça a ex-companheira Isabelle Borges de Oliveira: “Vou dar na sua cara”

Inconformado com o fim do relacionamento, Matheus Cardoso Galheno, 22 anos, seguiu e filmou a ex-companheira Isabelle Borges de Oliveira, 25 anos, antes de matá-la, na manhã deste domingo (31/3), no Paranoá. Após disparar contra ela, Matheus tirou a própria a vida. Foi o sétimo feminicídio no Distrito Federal apenas este ano.

Na gravação, o agressor filma o rosto do homem que estava com a ex-mulher, próximo a um ponto de ônibus. “Vagabundo. Eu cuidando dos filhos dela e ela com o vagabundo”, diz Matheus. Isabelle tenta fazê-lo parar de gravar e ele ameaça: “Vou dar na sua cara”. As imagens teriam sido feitas há menos de uma semana e estão em poder da polícia.

Separados há cerca de um mês, o casal tinha dois filhos gêmeos de um ano de idade (foto em destaque). Quando Matheus invadiu a casa armado, Isabelle, que estava com as crianças, agarrou-se aos bebês e gritou por ajuda, de acordo com informações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
 

A irmã mais velha de Isabelle teria sido a primeira a chegar ao quarto e presenciar a cena. Segundo os investigadores, ela teria tentado negociar com o vigilante para que ele abaixasse a arma, sem sucesso. “Ele só gritava: ‘tira as crianças daqui que você está me atrasando'”, revela a delegada Jane Klébia, responsável pelo caso.

A princípio, a irmã relutou em tirar os gêmeos do ambiente, por acreditar que, com as crianças ali, o pai não atiraria na mãe delas. Enquanto permanecia o impasse, o irmão da vítima também surgiu e fez menção de tomar a arma do suspeito. Matheus, contudo, ameaçou matar todos caso alguém se aproximasse – o irmão de Isabelle, então, recuou. Com isso, a tia das crianças as tirou do quarto. Ao sair, a mulher ouviu o primeiro disparo. Na sequência, veio o segundo.

Ao voltar para o cômodo, a irmã viu Isabelle no chão, imóvel, em uma poça de sangue. O atirador agonizava em uma poltrona, com um ferimento na cabeça.

A arma usada no crime foi recolhida e levada para a 6ª DP. Em princípio, os investigadores desconfiaram que Matheus tivesse pegado o revólver do pai, policial militar. Mas isso foi descartado após o pai do vigia prestar depoimento. A polícia investiga a procedência da arma. “Precisamos saber se houve um terceiro envolvido [que tenha fornecido o revólver], mas é pouco provável”, diz Jane Klébia.

De repente
A titular da 6ª DP ainda informou que Matheus não tinha passagens pela polícia nem histórico conhecido de agressões à Isabelle. O motivo da separação da ex-companheira, porém, teria sido uma agressão do pai a um dos bebês gêmeos: o vigia teria se irritado com o choro da criança, e mãe não aceitou, rompendo com o então marido.

“Quando ele cresceu para cima dos meninos, deixou um hematoma no braço de um deles, e a Isabella brigou muito. Teria até batido nele ao ver o vergão no braço do filho”, conta a delegada. O caso foi revelado pela irmã de Isabelle que tirou as crianças do quarto antes da morte da mãe: ela não lembrou de outros episódios nos quais o ex-cunhado tenha sido violento.

Outros casos
O primeiro caso de feminicídio no DF em 2019 foi registrado na madrugada do dia 5 de janeiro. Vanilma Martins dos Santos, 30 anos, foi morta com uma facada pelo homem que era seu marido há anos. Os dois viviam juntos no Gama e tinham um filho pequeno.

No dia 28 de janeiro, Diva Maria Maia da Silva, 69 anos, recebeu cinco tiros no apartamento da família, na Asa Norte. O assassino era Ranulfo do Carmo, 74, também companheiro da vítima.

Apenas dois dias depois foi a vez de Veiguima Martins, 56 anos, morrer. Ela já havia registrado ocorrência por ameaça e lesão corporal contra o marido. Depois de matá-la a facadas no quarto do casal, ele ateou fogo no apartamento para tentar encobrir o crime e acabou morto também.

Ainda em janeiro, Patrícia Alice de Souza, 23 anos, foi atingida por um tiro nas costas. As investigações concluíram que foi feminicídio.

Cevilha Moreira dos Santos, 45, foi encontrada morta no dia 11 de março, em Sobradinho. A vítima tinha marcas de facada no peito. O namorado dela é o principal suspeito.

O sexto caso ocorreu no Itapoã. A filha de Maria dos Santos Gaudêncio, 53 anos, a encontrou morta dentro de casa com um golpe na nuca. O namorado dela, Antônio Alves Pereira, 40 anos, foi preso após ter fugido para o Maranhão. Ele confirmou o assassinato, mas disse ter agido em legítima defesa.


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