Em sete anos, quase triplicou o número de brasileiros que foram morar em outros países. Segundo dados divulgados pela Receita Federal, em 2018, 22.538 pessoas entregaram a declaração de saída definitiva do Brasil, um aumento de 64% em relação a 2011, que teve um total de 8.170 declarações. Em 2017, foram 22.732.
A declaração de saída definitiva do Brasil é um documento obrigatório que o cidadão precisa apresentar à Receita Federal. O documento é uma forma de informar ao Fisco a liberação da pessoa da declaração do Imposto de Renda, de evitar a bitributação e de indicar a mudança domiciliar, caso volte ao Brasil e tenha de declarar patrimônio.
O efetivo aumento ocorreu a partir de 2014, durante a recessão econômica. De acordo com o economista Felipe Queiroz, o êxodo é resultado da insegurança no Brasil. Segundo ele, houve uma perda de todos os tipos de trabalhadores. “A mão de obra menos especializada busca em outros países novas oportunidades, e a mais especializada, a valorização”, afirmou. Conforme o economista, aqueles que têm preparo técnico e graduação viram o salário ser corroído pela inflação, e os que têm doutorado e pós-doutorado, por exemplo, foram impactados pela diminuição de investimento público e de valorização de pesquisas.
Como consequências para a economia brasileira, a imigração, principalmente da mão de obra qualificada, afeta a qualidade da indústria e da pesquisa do Brasil, pois, com menos pessoas especializadas, há a perda da capacidade de inovação nessas áreas. “Saída do país é fuga de mão de obra especializada. Uma nação que perde isso é uma nação atrasada”, completou Queiroz.
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa
Bye, bye, Brasil
Ano/Exercício Quantidade de Declarações de Saída Definitiva do País
2018 22.538
2017 22.732
2016 20.884
2015 14.791
2014 12.451
2011 8.170
“Saída do país é fuga de mão de obra especializada. Uma nação que perde isso é uma nação atrasada”
Felipe Queiroz, economista