03/05/2019 às 06h37min - Atualizada em 03/05/2019 às 06h37min

Aluno que matou professor em Valparaíso vai para internação provisória

O estudante será levado a uma casa específica para esperar o julgamento por até 45 dias. Delegado espera finalizar inquérito rapidamente

O adolescente de 17 anos que matou a tiros o professor Júlio Cesar Barroso de Souza, 41, coordenador do Colégio Estadual Céu Azul,em Valparaíso (GO), continuará apreendido. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (02/05/2019) pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).

O jovem foi colocado em internação provisória e será levado a uma casa específica para esperar o julgamento por até 45 dias. “De acordo com a lei, ele pode ficar até cinco dias na delegacia enquanto procuram por uma vaga, mas já há um local para ele”, afirmou o delegado titular do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Valparaíso, Rafael Abrão.

O responsável pelo caso pretende encerrar o inquérito em até 10 dias. De acordo com o delegado, o procedimento de julgamento de menores de idade é mais rápido. Por isso, ele acredita que antes de 45 dias o adolescente terá a pena decretada. “Saindo a condenação, ele é transferido para uma casa de internação definitiva, onde vai cumprir as medidas socioeducativas. Pela idade, ele pode ficar no máximo três anos nessa situação.”
 

A Polícia Civil de Goiás (PCGO) localizou na manhã desta quinta a arma usada pelo adolescente. O revólver calibre .38 estava enterrado em um terreno baldio, em Valparaíso (GO), próximo à residência do assassino confesso. Ele revelou aos agentes onde tinha escondido o armamento.

De acordo com o delegado Regional do Entorno Sul, Rodrigo Mendes, o estudante alegou ter pego o revólver emprestado de outra pessoa, mas as investigações apontam que a arma pertencia a ele para o cometimento de outros delitos. Em depoimento, o rapaz contou ter disparado contra o docente em um momento de raiva, informação contestada pelo delegado. “Ele voltou à escola, o que indica uma premeditação”, disse Mendes.

Comoção
Colegas, familiares e amigos se reuniram nesta quinta-feira (02/05/2019) para dar o último adeus ao professor. O velório ocorreu na capela Divino Espírito Santo, em Santa Maria. Muito emocionada, a viúva, Daiane Alves, 31, se manteve ao lado do corpo do marido dentro da igreja.

A todo momento ela recebia abraços de colegas de Júlio, que também estão muito abalados com a tragédia. “Eu fui uma das primeiras a chegar na sala e ver o corpo. Estou sem dormir, só pensando nisso”, relatou uma professora, que não quis se identificar.

A irmã do docente, Juliana Maria Lima do Carmo (foto em destaque), 35 anos, protestou contra a falta de segurança de quem ministra aulas no Entorno do DF. “Ele foi morto por que exerceu a profissão dele. Não existe mais autoridade de professor em sala. A família nunca mais será a mesma”, desabafou.

“Meu irmão era a base da família, era um superirmão, superpai e superamigo: uma pessoa que  passou por este mundo só fazendo o bem”, lamentou Juliana.

O corpo do coordenador pedagógico foi levado da capela por volta de 11h20 sob aplausos. As homenagens prosseguiram no cemitério Campo da Esperança de Brazlândia, onde o sepultamento está marcado para as 16h.

Honesto e trabalhador
Júlio César é lembrado por familiares e amigos como honesto e trabalhador. Casado há 10 anos, deixou a esposa e dois filhos: uma menina de 4 anos e um menino de 6.

Era o segundo mais velho de cinco irmãos, e aos 4 anos de idade perdeu o pai. De acordo com parentes, Júlio César nunca conteve esforços para ajudar a família, seja com apoio emocional ou financeiro. Era atencioso apesar de sua saúde fragilizada devido a diabetes e gastrite.

Governo promete mais segurança
Em resposta ao crime, a secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli, conversou com familiares da vítima e falou com a imprensa na porta da capela. Segundo ela, o regimento escolar será alterado para que diretores e coordenadores pedagógicos possam ter mais autonomia.

“Desde o início do ano, a secretaria está trabalhando com medidas de segurança. Além disso, um protocolo será lançado em breve”, garantiu.

Outro fator agravante listado por Gavioli é o muro da escola pulado pelo aluno. A proximidade da unidade de ensino com uma feira possibilitaria, segundo ela, o tráfico de drogas através de buracos no muro. A ordem dada à Polícia Militar, diz, é fechá-lo com grades de metal.

“O que fica é que precisamos organizar a escola para o retorno até dia 13. A PM vai garantir, no início, o policiamento, pois é uma escola com alto risco de violência. Nunca passamos por algo tão difícil e tão triste.”

A prima do docente morto Larissa Lima, 35, diz, também, que os filhos do casal ainda não entendem o que aconteceu. “Eles disseram que o pai deles agora é uma estrela e está brilhando no céu.”


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