O governador Ibaneis Rocha (MDB) ficou insatisfeito ao saber que não foi publicada no Diário Oficial do DF a exoneração da diretoria do Hospital Regional de Sobradinho (HRS). O chefe do Executivo local determinou a saída dos gestores na segunda (13/05/2019), após Beatriz Viana da Silva, 19 anos, morrer devido a uma parada cardiorrespiratória. Familiares da jovem acusam a unidade hospitalar de omissão de socorro e negligência. “Mas aí, se não confirmar a exoneração dos diretores, eu confirmo a do secretário”, afirmou o emedebista, ao se referir ao titular da Saúde, Osney Okumoto.
Ibaneis pediu apoio aos servidores no sentido de prestar um serviço de melhor qualidade, e disse que vai mudar diretores sempre que episódios como o de Sobradinho se repetirem.
Pouco depois das declarações de Ibaneis, Osnei Okumoto confirmou que as exonerações serão publicadas no Diário Oficial do DF nesta quarta-feira (15/05/2019). Perguntado se havia se sentido ameaçado as palavras do governador, Okumoto tentou esfriar a polêmica: “Em casos como este, com morte, é normal o envolvimento emotivo das pessoas”, disse. Ele afirmou que não existe política de dispensar quem cometer erros e garantiu que, quando acontecerem falhas, as análises serão feitas caso a caso.
O corpo de Beatriz foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), pois a família acredita ter havido omissão de socorro. A avaliação por parte da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) foi um pedido de parentes da vítima.
De acordo com o relatado por Wesley Nascimento, marido de Beatriz, o casal esteve no HRS, no sábado (11/05/2019) pela manhã, para que a jovem recebesse assistência, porque sentia fortes dores no estômago. Lá, foram informados de que o atendimento emergencial não estava funcionando, pois só havia um médico disponível, o qual ficou responsável por cuidar dos pacientes que já se encontravam internados.
Ainda segundo o viúvo, com a recusa na prestação do atendimento, ele carregou a mulher nos braços até uma clínica particular próxima ao HRS, para que a esposa recebesse alguma avaliação. Após atendimentos preliminares, inclusive referentes a uma parada cardíaca, o médico percebeu que o local não teria condições de atender a jovem, então foi até o hospital de Sobradinho, sozinho, exigindo socorro.
Durante a espera, Beatriz sofreu mais uma parada cardíaca, foi atendida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada para o HRS, mas acabou morrendo. O corpo foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), como se o falecimento tivesse acontecido por causas naturais, mas a família pediu que a necropsia ficasse a cargo do IML.
O que diz a Secretaria de Saúde
De acordo com a Secretaria de Saúde, Beatriz não chegou a entrar no HRS no sábado pela manhã, tendo permanecido no carro enquanto Wesley solicitava atendimento.
Com relação à morte da jovem, a pasta afirma que ela já chegou em parada cardiorrespiratória, foi realizada manobra de reanimação por 45 minutos, mas não houve resposta.
Segundo a direção do HRS, a unidade decretou bandeira vermelha na sexta-feira (10/05/2019), devido à superlotação da internação. O hospital conta com 22 leitos na Sala Amarela, mas 35 pacientes estavam internados. Na Sala Vermelha, cinco pacientes estavam onde cabem três. Dois médicos atendiam no plantão na sexta à noite e também no sábado (11/05/2019) pela manhã.
Exoneração em Brazlândia
Esta não é a primeira vez que o governador muda as peças na direção de hospitais públicos do DF. Em março, após um sargento da Polícia Militar filmar profissionais de saúde descansando em uma sala de TV diante de um pronto-socorro lotado, no Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), Ibaneis exonerou o diretor Valterdes Silva. O caso foi revelado pelo Metrópoles.