13/06/2019 às 07h09min - Atualizada em 13/06/2019 às 07h09min

A Moro o que é de Moro. O sagrado matou o profano

A filosofia e as estratégias reais que moldam o mundo envolvem poder e manipulação nesses tempos modernos pós-impérios. Napoleão Bonaparte, Winston Churchill, Franklin Roosevelt, Henry Kissinger, entre centenas de outras personalidades assumiram isso, publicamente ou reservadamente, para se posicionarem adequadamente no jogo do poder de seu tempo. Por que o ministro Sérgio Moro agiria diferente?

Ao dar a Moro o que é de Moro, estará sendo separado o sagrado e o profano, pois ele agiu com ousadia perante o quadro e eventos de nossa realidade desde quando o primeiro fio do novelo que veio a ser a Operação Lava Jato foi puxado. Moro revelou o que está por trás dos fatos e eventos da política brasileira e suas relações espúrias com empresas, autoridades etc etc etc.

Moro seria um libertário?. Ele não se enquadraria hoje na estrutura de um “partido” político – apenas na de um movimento político descentralizado, sem camisa de força de uma linha partidária forte e uma diretriz política unificada com o propósito, digamos, de eleger o atual governo.

Decididamente Moro não agiu partidariamente. Partidos políticos são hierárquicos, são planejados de maneira a substituir a tomada de decisões individuais por um protocolo bem definido. Como fez o MDB na linha de frente para destituir um presidente eleito – promovendo um impeachment de fachada – sem, contudo, tirar os direitos políticos do destituído.

O que se fez foi apear o que foi eleito do cargo. Isso não funciona com os libertários. A nomenclatura que é necessária para o funcionamento de um partido não pode existir em um ambiente libertário repleto de pessoas que não se submetem aos mal-feitos. E que são, respeitada a lei, fortemente independentes,

Libertários compartilham um conjunto mínimo de crenças. A principal delas é substituir o império da lei (o Estado de Direito) pelo domínio da autoridade. Porém, o libertarismo, como é um movimento, ainda pode existir como facções fragmentadas e dissidentes dentro de outros partidos políticos.

Os vários modos de adoração que prevaleceram no mundo – desde a Antiguidade – foram todos considerados pelo povo como igualmente verdadeiros; pelo filósofo, como igualmente falsos; e pelo magistrado, como igualmente úteis.

O ministro Sérgio Moro, a quem tentam engolir com vazamentos de conversas reservadas, pode não ter percebido que cada grupo (partido) tem sua própria definição distorcida de política. E não deixam seus membros evoluírem no sentido do desenvolvimento de uma sociedade sofisticada, livre da corrupção, como é o desejo as pessoas de bem.

A política partidária sempre deixa um espaço para adaptação. E é preciso evitar tratar os partidos políticos como se fossem todos da mesma espécie. O exemplo mais recente é o PSDB, que deixou de ser centro-esquerda para ser somente de centro.

Se o ex-juiz da Lava Jato cometeu lawfare contra o ex-presidente Lula, com seu imperantismo de autoridade da lei, separando o sagrado e profano, torna-se imperativo agora que se dê a Moro o que é de Moro.


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