Ao pedir demissão neste domingo, 16, da presidência do BNDES, Joaquim Levy até pode ter se livrado de uma frigideira – termo usado para definir uma autoridade que está prestes a ser demitida. Mas corre o risco de sair chamuscado na CPI que investiga os repasses feitos pelo banco aos governos de Cuba e Venezuela nas administrações do PT de Lula e Dilma, além de outros ou três países africanos.
Foram bilhões de dólares emprestados para investimentos em infraestrutura que aqueles países dizem não ter condições de pagar. Na linguagem popular, calote. E o presidente Jair Bolsonaro, ao aceitar colocar o economista no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, só fez uma recomendação: que a caixa-preta fosse aberta.
A maior parte desses volumosos empréstimos foi destinada aos regimes de Hugo Chávez e dos irmãos Fidel e Raúl Castro, que comandavam à época dos governos de Lula e Dilma os regimes venezuelano e cubano. E só mesmo uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que já está em andamento no Congresso Nacional, pode esclarecer muitos fatos.
A convocação de Levy à CPI será feita nesta segunda ou, no m ais tardar, na terça, 18. A decisão de ouvir o depoimento do demissionário presidente do BNDES partiu do deputado José Neto, do Podemos de Goiás. Para garantir a convocação, ele começou a articular com outros partidos – como Cidadania, ex-PPS, e o PSL do próprio Bolsonaro.
Sabe-se que o dinheiro saiu do Brasil, via BNDES. Foram bilhões de dólares. Também é do conhecimento público que muitas das obras tocadas naqueles países ficaram a cargo da Odebrecht, envolvida até o pescoço na Operação Lava Jato. A demissão de Levy, portanto, não é vista apenas como ‘vida que se segue’, mas sim, que passos form dados para permitir que essa vida seguisse. E em que condições.