Marina vende balões de gás hélio do lado de fora do evento do Colégio Marista há quatro anos, com o objetivo de complementar a renda. Cada unidade sai a R$ 15 e a idosa fica com o lucro, pois revende a mercadoria. Ela chegou por volta das 11h na festa e, após horas de trabalho, à noite, foi abordada por um casal, que ocupava uma Mercedes branca, avaliada em R$ 220 mil.
"A mulher, que estava no passageiro, perguntou o valor. Quando eu disse, ela pediu um desconto e, como já era o fim do evento, disse que fazia a R$ 10. Mesmo assim, ela não quis. Então, expliquei que eu revendo os balões e, por isso, não tinha como descer o preço. Aí, eles ficaram reclamando. Foi quando o dono dos produtos me ligou e eu atendi. Ao fundo, mandaram eu desligar, me xingando", relata a idosa. Marina terminou a chamada e, mais uma vez, se direcionou até a porta da passageira. "Eles disseram que iriam levar três balões, dois de menino e um de menina. Então, me abaixei para pegar os produtos, que estavam amarrados no meu braço. Nessa hora, a mulher agarrou as cordas, fechou o vidro e o motorista acelerou o carro, arrancando de uma vez", detalha.
Os minutos que a idosa ficou presa ao veículo marcaram a vida dela. "Eu pensei que estaria dentro de um caixão. Eu estou toda machucada, mas estou bem", diz a idosa à reportagem, visivelmente abalada. "Quando me lembro do que passei, só agradeço a Deus pelo livramento. Foi a pior coisa que passei na minha vida. Ao fim de tudo, só me vi rodeada de gente", acrescenta.
Testemunhas acionaram a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, que prestaram os primeiros atendimentos a Marina. Médicos do HRT analisaram os ferimentos sofridos e constataram que todos foram superficiais. Exames também não indicaram lesões internas. Apenas a tomografia da cabeça da vítima não saiu. O resultado deve ser entregue para a diarista nesta segunda-feira (17).
Ao sair do hospital, a diarista procurou a 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), onde registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal. Ela também foi encaminhada para o Instituto de Medicina Legal (IML) e passou por exames de corpo de delito. Apesar do registro inicial, a investigação fica a cargo da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). Quem tiver informações pode colaborar ligando anonimamente para o 197.
Prejuízo
Ao ser arrastada pelo carro, Marina perdeu a maior parte do dinheiro que adquiriu em mais de oito horas de trabalho na festa junina. Além disso, o casal chegou a levar alguns dos balões e, os que sobraram nas mãos da idosa, estouraram durante a barbárie. A ferimentos da vítima também a iimpedem de trabalhar esta semana, rendendo mais um prejuízo de R$ 380.
"Eu perdi muito com essa situação. Mas, dos males, é o menor. Eu estou viva. O dinheiro que sobrou das vendas do sábado (15) eu vou dar ao dono dos balões, que também ficou chateado com a situação e pelo prejuízo. Mas as diárias que eu ia fazer essa semana, vou perder, pois não consigo trabalhar. É assim que eu pago meu aluguel e contribuo para o INSS, pois não sou aposentada ainda", lamenta Marina.
Após todo o sofrimento e a perda material, a idosa deseja que a polícia encontre os responsáveis pelo crime. "Eles não tiveram respeito nenhum por mim, pelo meu trabalho e pela minha vida. Eu só quero que eles sejam pegos e paguem pelo que fizeram comigo", finaliza.