04/07/2019 às 09h16min - Atualizada em 04/07/2019 às 09h16min

Conversas vazadas: “Não sou vítima de coação”, afirma delator de Lula

Diálogos entre procuradores da força-tarefa da Lava Jato mostram suposta mudança nos depoimentos do empreiteiro

Após conversas vazadas mostrarem um suposto descrédito dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato em relação aos depoimentos do empreiteiro Léo Pinheiro, o ex-executivo da OAS reafirmou as acusações que levaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à cadeia. As informações são da colunista Mônica Bergamo, publicadas nesta quinta-feira (04/07/2019).
 

Após o veículo noticiar que o empreiteiro precisou mudar a versão do depoimento algumas vezes para que ganhasse algum crédito com os procuradores, ele enviou uma carta ao jornal para informar que as acusações foram baseadas em provas e não foi preciso adaptar as declarações.

“Afirmo que nunca mudei ou criei versão e nunca fui ameaçado ou pressionado pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal”, informou em carta ao veículo

Léo Pinheiro garantiu o compromisso dele com a verdade e lembrou que, ao optar pela colaboração premiada em 2016, não estava preso em decorrência da Lava Jato. “Não sou mentiroso nem vítima de coação alguma”, completou.

Desconfiança
No último domingo, a Folha mostrou que os procuradores da Lava Jato teriam tratado com desconfiança o empreiteiro que incriminou o ex-presidente Lula. Segundo novas conversas obtidas pelo site The Intercept Brasil e divulgadas em parceria com o veículo, Léo Pinheiro teria mudado a versão das informações algumas vezes e, com isso, começou a ter crédito.
 

O empreiteiro só teria chegado à versão que incriminou Lula um ano após o início das negociações com a Lava Jato, em abril de 2017. Na ocasião, ele teria sido interrogado pelo então juiz Sergio Moro e afirmado que a reforma do apartamento era parte dos acertos com o PT para firmar contratos da OAS com a Petrobras.

“Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apartamento do Guarujá”, teria dito o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes em supostas mensagens no aplicativo Telegram.

Desde o início das negociações da OAS com a Lava Jato havia um certo ceticismo por parte dos procuradores, segundo a Folha. “A primeira notícia de versão do LP [Léo Pinheiro] sobre o sítio já é bem contrária ao que apuramos aqui”, comentou no chat o procurador Paulo Roberto Galvão.

A opinião dos procuradores teria ficado mais evidente em outro trecho: “Tem que prender Léo Pinheiro. Eles falam pouco. Me parece que não está valendo a pena”, apontou Januário Paludo a outros procuradores.

As mensagens entre os procuradores indicariam que os relatos de representantes da OAS tiveram alterações até que a força-tarefa da Lava Jato aceitasse assinar o termo de confidencialidade com os advogados da empreiteira.

Um deles pode ter tido efeito contrário e a empreiteira precisou recuar, após apontar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. De acordo com Léo Pinheiro, uma empresa indicada pela OAS teria feito uma reforma na casa do presidente da Corte.

A suposta informação, no entanto, despertou reação do STF e a Lava Jato teve de recuar. As negociações com a OAS foram suspensas e somente foram retomadas em março de 2017.

Entenda
Desde o início de junho, o site The Intercept Brasil tem divulgado uma série de matérias com diálogos vazados entre o então juiz Sergio Moro e procuradores da força-tarefa, que mostram uma suposta colaboração entre eles


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