Após o veículo noticiar que o empreiteiro precisou mudar a versão do depoimento algumas vezes para que ganhasse algum crédito com os procuradores, ele enviou uma carta ao jornal para informar que as acusações foram baseadas em provas e não foi preciso adaptar as declarações.
“Afirmo que nunca mudei ou criei versão e nunca fui ameaçado ou pressionado pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal”, informou em carta ao veículo
Léo Pinheiro garantiu o compromisso dele com a verdade e lembrou que, ao optar pela colaboração premiada em 2016, não estava preso em decorrência da Lava Jato. “Não sou mentiroso nem vítima de coação alguma”, completou.
Desconfiança
No último domingo, a Folha mostrou que os procuradores da Lava Jato teriam tratado com desconfiança o empreiteiro que incriminou o ex-presidente Lula. Segundo novas conversas obtidas pelo site The Intercept Brasil e divulgadas em parceria com o veículo, Léo Pinheiro teria mudado a versão das informações algumas vezes e, com isso, começou a ter crédito.
O empreiteiro só teria chegado à versão que incriminou Lula um ano após o início das negociações com a Lava Jato, em abril de 2017. Na ocasião, ele teria sido interrogado pelo então juiz Sergio Moro e afirmado que a reforma do apartamento era parte dos acertos com o PT para firmar contratos da OAS com a Petrobras.
“Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apartamento do Guarujá”, teria dito o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes em supostas mensagens no aplicativo Telegram.
Desde o início das negociações da OAS com a Lava Jato havia um certo ceticismo por parte dos procuradores, segundo a Folha. “A primeira notícia de versão do LP [Léo Pinheiro] sobre o sítio já é bem contrária ao que apuramos aqui”, comentou no chat o procurador Paulo Roberto Galvão.
A opinião dos procuradores teria ficado mais evidente em outro trecho: “Tem que prender Léo Pinheiro. Eles falam pouco. Me parece que não está valendo a pena”, apontou Januário Paludo a outros procuradores.
As mensagens entre os procuradores indicariam que os relatos de representantes da OAS tiveram alterações até que a força-tarefa da Lava Jato aceitasse assinar o termo de confidencialidade com os advogados da empreiteira.
Um deles pode ter tido efeito contrário e a empreiteira precisou recuar, após apontar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. De acordo com Léo Pinheiro, uma empresa indicada pela OAS teria feito uma reforma na casa do presidente da Corte.
A suposta informação, no entanto, despertou reação do STF e a Lava Jato teve de recuar. As negociações com a OAS foram suspensas e somente foram retomadas em março de 2017.
Entenda
Desde o início de junho, o site The Intercept Brasil tem divulgado uma série de matérias com diálogos vazados entre o então juiz Sergio Moro e procuradores da força-tarefa, que mostram uma suposta colaboração entre eles