11/08/2019 às 06h11min - Atualizada em 11/08/2019 às 06h11min

Lava Jato ‘cola’ no bolsonarismo contra Lula

A Lava Jato tenta reagir e investe contra Lula, como de costume, fundindo-se cada vez mais ao bolsonarismo. Mas só há espaço para um líder e, neste processo, Bolsonaro coloca Moro no bolso. De outra parte, a esquerda tenta esboçar uma reação, colocando na pauta educação, emprego e Previdência.

1. Lava Jato e bolsonarismo, unidos num só coração. Cada vez mais, o bolsonarismo e o lavajatismo, dois grupos que tinham os mesmos objetivos, mas com métodos diferentes, estão se tornando uma única coisa. Depois de um período de turbulências no governo, fruto da verborragia de Bolsonaro, era preciso reagrupar as tropas. E nada une mais lavajatistas e bolsonaristas do que Lula. A decisão da juíza federal Carolina Lebbos de transferir Lula para uma unidade prisional em São Paulo foi acompanhada do tradicional ataque das milícias virtuais ao STF, que já havia se iniciado no fim de semana e era uma espécie de contra-ataque à reação do STF aos os ataques provocados por Deltan Dallagnol. Além disso, lembra Reinaldo Azevedo, como Edson Fachin seria o relator do pedido feito pelo PT para evitar a transferência, a Lava Jato queria saber se o “Fachin ainda é nosso”.

A medida teve efeito contrário e resultou na formação de uma frente única de oposição à Lava Jato, e acabou com o STF vetando a transferência por 10 votos a 1. Não é de hoje que ministros do STF e parlamentares nutrem profunda rejeição seja aos autoritarismos, seja à megalomania da República de Curitiba. Se antes, bater era mais difícil, os tempos agora são outros e STF e Congresso não perderão a oportunidade.

O primeiro na linha de tiro é Deltan Dallagnol, que enfrenta dez pedidos de investigação no Conselho Nacional do MP, agravadas pela as revelações que mostram deliberadamente conspirando contra o STF, desta vez usando o partido Rede Sustentabilidade para atacar Gilmar Mendes. Nesta semana, ainda, Gilmar Mendes também concedeu medida cautelar que impede que autoridades responsabilizem o jornalista Glenn Greenwald pela divulgação das mensagens da Vaza Jato, frustrando o sonho das hordas bolsonaristas de uma deportação ou prisão como retaliação às denúncias da Vaza Jato.

Porém, se lavajatismo e bolsonarismo se fundem num só corpo na base, só comporta uma cabeça, a de Bolsonaro. Antes beneficiado pela Lava Jato, agora ele também enxerga o momento de fragilidade e que Moro precisa mais dele do que ao contrário. Bolsonaro não perde a oportunidade de enfraquecer o seu ministro e mantê-lo refém da situação. Em Brasília, são variados os relatos de atritos entre Bolsonaro e Moro, que estaria em processo de fritura: no centro da questão estaria ainda a defesa do Coaf por Moro justo quando Bolsonaro tenta salvar a pele do filho Flávio.

Em tempo: nesta tentativa de reação da Lava Jato, é interessante observar que nesta semana em que a “força-tarefa” mais esteve nas cordas, pipocaram informações na imprensa contra o PT, da indefectível delação do Palocci até uma gravação de um líder do PCC.


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