Ao decretar buscas no gabinete e na residência do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB/PE) e do filho dele, o deputado Fernando Coelho (DEM/PE) , o ministro Luís Barroso , do Supremo , anotou que pai e filho ‘são tidos como os beneficiários primários das vantagens indevidas pagas pelas empreiteiras’.
Nesta quinta, 19, a Polícia Federal deflagrou a Operação Desintegração e vasculhou os gabinetes do senador e do deputado. Ambos sob suspeita de ligação com esquema de propinas de empreiteiras das obras de transposição do São Francisco.
Após a realização das buscas, em entrevista na entrada do prédio onde mora, em Brasília, o senador informou que colocou o cargo de líder do governo à disposição .
A decisão do ministro do Supremo ignorou manifestação da Procuradoria-Geral da República, contra as buscas. Segundo a PGR, ‘não há indícios de que ele (Fernando Bezerra) registrasse os atos praticados, pois, ao contrário, adotou todas as medidas para manter-se longe deles, de modo que a medida invasiva terá pouca utilidade prática’.
Para Barroso, no entanto, o argumento da Procuradoria ‘não é convivente’.
‘Na criminalidade organizada econômica, o natural é que todos os envolvidos tentem ocultar provas e não evitar deixar registros de seus atos. A medida cautelar serve justamente para tentar encontrar documentos mantidos sigilosamente, longe dos olhos do público e das autoridades de investigação”, cravou o ministro em despacho de 30 páginas.
‘O quadro probatório apontado caracteriza causa provável legitimadora da realização de busca e apreensão nos endereços dos investigados”, decidiu Barroso.
A ordem do ministro alcança 52 endereços, incluindo empresários, intermediários, operadores, ‘laranjas’ e outros citados na investigação. A PF também foi autorizada a fazer buscas em quatro construtoras – OAS, Barbosa Mello, Paulista e Constremac, ‘que seriam as pessoas jurídicas responsáveis pelo pagamento das propinas aos parlamentares investigados e a pessoas indicadas por eles ou por seus operadores’.