Sexta-feira, 05/09/25

Novos caminhos para materiais reciclados

Pavimento na SP-310 em Rio Claro-SP, com plástico reciclado - (crédito: Emerson Maciel/Stratura)

A secretária de Transporte Rodoviário, Viviane Esse, acredita na parceria com o setor privado para expandir uso de material reciclável em rodovias

No início dos anos 2000, concessionárias de rodovias e órgãos públicos iniciaram as primeiras aplicações de borracha reutilizada de pneus de automóveis e outros veículos para a mistura com o asfalto tradicional no Brasil. Uma técnica que já era utilizada nos Estados Unidos, há pelo menos quatro décadas, se mostrou viável em diversas estradas do país, demonstrando ter maior durabilidade se comparada à pavimentação utilizada na época.

Com a mesma premissa de reutilizar um material pós consumo, o plástico reciclado trilha um caminho similar ao da borracha e já demonstra — por meio de testes feitos em rodovias de São Paulo — capacidade para suportar condições mais extremas de temperatura e evitar a formação de fissuras no asfalto em um tempo menor. No caso do plástico, a mistura com o asfalto é feito por um processo chamado “via úmida”, que ocorre quando se utiliza água para misturar dois materiais.

Para o engenheiro químico Emerson Maciel, da Stratura Asfaltos, que participou dos dois primeiros experimentos do uso de plástico pós-consumo em rodovias no país, o material tem potencial para ser expandido, a exemplo da borracha. “Os dois testes que fizemos estão trazendo resultados satisfatórios. E olhando para frente, a nossa empresa tem projetos já olhando para os próximos anos, para que outras concessionárias procurem saber um pouco mais sobre essa aplicação”, acredita.

De acordo com a secretária nacional de Transporte Rodoviário (SNTR), do Ministério dos Transportes, Viviane Esse, que concedeu entrevista ao Correio para a série Caminhos de Plástico, não faltam incentivos do governo federal para inovações neste setor. Apesar de ainda considerar escassos os dados sobre as pesquisas com plástico reciclado, ela afirma que já há benefícios para as concessionárias de todo o país adotarem práticas de redução de carbono alinhadas com priorização à sustentabilidade.

Além da composição asfáltica, também há compensações para outras ações, como plantio de árvores, estímulo ao uso de veículos elétricos, como postos de recarga nas estradas, entre outras práticas. “Tudo que a gente puder fazer para ter um aumento de durabilidade e para a gente ter redução de material de descarte, é essencial para a gente. Por isso que a gente promover esses incentivos à pesquisa das concessionárias faz com que elas testem”, explica.

A secretária lembra que no Brasil há desafios em relação ao tamanho do país e às particularidades de cada região. No Norte e no Nordeste, por exemplo, a incidência maior do sol durante o dia pode causar efeitos adversos nas rodovias, em um tempo mais curto, e que a mesma proporção de um material utilizado nas rodovias em uma região, pode não atender às demandas de outras localidades.

“O Brasil é muito grande e muito diverso. E a beleza do nosso país é justamente isso. A solução que é boa em uma determinada região, de clima temperado, não vai ser para a região Norte ou Nordeste. Então a gente precisa testar. Por isso é importante que as concessionárias e o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) tenham incentivo à utilização de novos materiais”, comenta a secretária.

Outro desafio mencionado pela secretária é a aplicação de testes em campo. Enquanto já há uma série de pesquisas sendo realizadas na área acadêmica e em laboratórios, o país ainda carece de experimentos em rodovias na prática. Dessa forma, ela acredita que as parcerias com as concessionárias e o investimento privado podem impulsionar o desenvolvimento de novos testes em outros estados, além de São Paulo.

Correio de Santa Maria, com informações da Secretaria Nacional de Transporte Rodoviário (SNTR), do Ministério dos Transportes

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