Sexta-feira, 05/09/25

O general que as Forças Armadas esperam que seja poupado por Alexandre de Moraes

Jair Bolsonaro e o ex-ministro Augusto Heleno, do GSI — Foto: Reprodução

“O caso dele está baseado em evidências frágeis”, diz um militar de alta patente.

O julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista é acompanhado com lupa pelas Forças Armadas, especialmente por conta da torcida de boa parte da caserna para a absolvição de ao menos um dos militares acusados de envolvimento na tentativa de quebra da ordem democrática: o general da reserva Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro.

Generais ouvidos reservadamente pelo blog apontam que Heleno é bem quisto na reserva, está com idade avançada (77 anos) e saúde debilitada – e também acreditam que ele desempenhou um papel menor nos fatos investigados pela Polícia Federal.

Outro interlocutor de Heleno concorda: “O papel dele nos eventos apurados no núcleo crucial foi mais do que ‘reduzido’, foi praticamente zero. Não esteve presente a nenhuma reunião em que se tratou da chamada minuta do golpe”.

Ao lado de Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto e do delator Mauro Cid, Heleno é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e deterioração de patrimônio tombado. Somados, os crimes podem totalizar uma pena de 43 anos.

‘Argumentos falaciosos’

Ao pedir a condenação de Heleno, Bolsonaro e cia., o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou o envolvimento do general numa transmissão ao vivo do então presidente nas redes sociais em 29 de julho de 2021, considerada o marco zero da trama golpista pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

A “live bomba”, como foi divulgada na época, reproduziu uma série de informações falsas a respeito do sistema eleitoral brasileiro e apontou, sem provas, que a vitória de Dilma Rousseff (PT) na eleição presidencial de 2014 havia sido fraudada.

“Comprovou-se, por meio de arquivos físicos e digitais apreendidos que o conteúdo da transmissão foi cuidadosamente arquitetado com o apoio de integrantes do núcleo duro do governo, notadamente Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Abin, e o General Augusto Heleno”, diz Gonet, acusando-os de trabalharem na “elaboração dos argumentos falaciosos”.

Gonet também destacou que Heleno registrou em sua agenda, apreendida pelos investigadores, anotações sobre acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para embasar o descumprimento de ordens do Supremo.

Outro ponto lembrado por Gonet é a participação de Heleno na reunião ministerial de 5 de julho de 2022, marcada por ofensas, xingamentos e ataques de Bolsonaro. Naquela ocasião, Heleno indicou a atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no monitoramento das campanhas eleitorais, com a infiltração de agentes.

“Nós vamos montar um esquema pra acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é se vazar qualquer coisa em relação a isso. Se houver uma… Porque muita gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer lugar”, afirmou.

Até aqui, a defesa de Heleno apresentou questões preliminares apontando a suspeição de Moraes, argumento que a denúncia detalha um suposto plano de homicídio contra o magistrado – e também contesta o fatiamento das denúncias em diversos núcleos, sob a alegação de que a ação penal é indivisível já que os fatos investigados estão interligados.

A Primeira Turma do STF já rechaçou esses argumentos no julgamento de recebimento da denúncia.

Correio de Santa Maria, com informações das Forças Armadas

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