A extinção do diploma pelo STF (Gilmar Mendes) , nada mais foi do que um ponto de partida para que nascesse a figura do militante, disfarçado de jornalista.
Por Vital Furtado
O jornalismo sempre foi visto como um dos pilares fundamentais da democracia, pois sua função principal é informar a sociedade de maneira clara, objetiva e imparcial. No entanto, esse compromisso com a verdade e com a pluralidade dos fatos começou a se perder quando os apresentadores de telejornais e programas noticiosos passaram a inserir comentários pessoais no meio da notícia. Esse detalhe, aparentemente pequeno, foi o primeiro sintoma de que o jornalismo começava a caminhar em direção à sua própria UTI.
Se antes o repórter limitava-se a apresentar os acontecimentos e deixava a interpretação para o público, gradativamente essa prática foi sendo substituída por análises tendenciosas. O profissional da comunicação, que deveria ser um mediador entre os fatos e a sociedade, assumiu um papel de protagonista, colocando suas opiniões acima da realidade. Nesse momento, o jornalismo deixou de ser apenas a exposição da verdade para se tornar um palco de narrativas.
A morte simbólica do jornalismo, porém, se consolidou quando esses profissionais deixaram de se enxergar como jornalistas e passaram a agir como militantes. O espaço que deveria ser destinado à informação passou a ser usado como instrumento de persuasão ideológica. Não bastava mais noticiar o que aconteceu: era preciso conduzir o público a pensar de uma determinada forma, de acordo com a linha editorial ou a convicção pessoal do apresentador.
Essa transformação trouxe consequências graves. Ao mostrar apenas um lado da história e omitir versões divergentes, o jornalismo abriu mão da sua credibilidade. O público, que antes via no telejornalismo uma fonte confiável de informações, passou a desconfiar de tudo o que era dito. Surgiu, então, a percepção de que as notícias não passavam de construções políticas ou ideológicas disfarçadas de informação.
O mais preocupante é que esse processo não se limitou à televisão. Jornais impressos, rádios e portais de internet seguiram o mesmo caminho, reforçando a militância e enfraquecendo a informação imparcial. O resultado é que a sociedade ficou refém de uma cobertura fragmentada, em que a verdade completa raramente aparece, sendo substituída por versões convenientes.
Nesse cenário, a pluralidade de opiniões, que deveria ser garantida pelo jornalismo, passou a ser abafada. Vozes contrárias ou divergentes deixaram de ter espaço, e a audiência foi empurrada para o consumo de conteúdos que reforçam apenas uma visão de mundo. Isso empobrece o debate público e mina a capacidade crítica da população, que deveria ser estimulada a refletir a partir de informações equilibradas.
Hoje, quando se olha para a forma como o jornalismo se apresenta, percebe-se que sua essência está em estado terminal. O que resta é uma sombra do que já foi um dia: uma atividade nobre, essencial para a democracia, mas que foi corrompida pela militância e pela busca incessante de manipular consciências. Se não houver uma retomada da ética e do compromisso com a verdade, o jornalismo, que já deixou de ser o “quarto poder” se tornará cada vez mais um braço da propaganda ideológica.
Opinião – Correio de Santa Maria