Defesa do delator insistirá no argumento de que Mauro Cid presenciou, mas não participou da tentativa de golpe de Estado
No primeiro dia de julgamento do núcleo 1 da trama golpista, o advogado do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Cezar Bitencourt, se concentrava em trechos da sustentação oral que será apresentada na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
A imagem flagrada mostra que o representante do militar reforçará o argumento de que o delator apenas presenciou os fatos, mas não participou efetivamente da trama criminosa.
O ex-ajudante de ordens da Presidência decidiu não comparecer a seu julgamento no STF por orientação de seus advogados. Jair Bolsonaro também não foi à sessão.
“Senhores ministros, trata-se aqui de crimes que, se somados, poderiam comprometer décadas de liberdade de qualquer cidadão. E por isso mesmo exigem um máximo de rigor na apuração dos fatos. Existem provas materiais, condutas individualizadas, dolo claro e comprovado. Mas o que se vê nos autos, com todas as letras, é a ausência absoluta desses elementos. E a Constituição não admite condenações por interferência, por suposição, por associação indireta ou por mera presunção”, diz trecho da defesa.
Delator da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, Mauro Cid confirmou no Supremo que presenciou o planejamento da trama criminosa para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. O militar disse que estava nas reuniões para discutir o tema, mas se esquivou da culpa de participar do plano.
Ele confirmou a veracidade de seus 12 depoimentos à Polícia Federal, desde que ele firmou com a Procuradoria-Geral da República (PGR) um termo de delação premiada. Mauro Cid disse que não participou da tentativa de golpe, mas que presenciou “grande parte” desses fatos por estar sempre próximo a Jair Bolsonaro.
Segundo o delator, o ex-presidente estava focado em encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas para provocar o caos social e convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano para reverter o resultado das eleições de 2022 — em que sua chapa com o general Walter Braga Netto, também réu na ação penal, saiu derrotada.
Acompanhe o julgamento:
Núcleo 1
A Primeira Turma do STF iniciou nesta terça-feira o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados por tentativa de golpe de Estado e outros crimes contra a democracia. Os réus fazem parte do núcleo “crucial” na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e seria o responsável por desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques a instituições democráticas e articular medidas de exceção, com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de Bolsonaro, são réus na ação penal os ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, além de Anderson Torres; do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); do ex-comandante da Marinha Almir Garnier; e do tenente-coronel Mauro Cid.
Correio de Santa Maria, com informações da defesa de Mauro Cid