Domingo, 14/12/25

Pesquisa do DF investiga novos protocolos de eletroestimulação para reduzir fadiga muscular

Pesquisa do DF investiga novos protocolos de eletroestimulação para reduzir fadiga muscular
Pesquisa do DF investiga novos protocolos de eletroestimulação para reduzir fadiga muscular | Imagem: Reprodução

Pesquisa do DF investiga novos protocolos de eletroestimulação para reduzir fadiga muscular

O professor João Luiz Durigan, da Universidade de Brasília (UnB), especialista em neurofisiologia do movimento, lidera um estudo sobre como diferentes tipos de corrente e larguras de pulso influenciam o recrutamento muscular e os mecanismos de fadiga. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).

Estudo sobre EENM

O aprimoramento dos protocolos de estimulação elétrica neuromuscular (EENM) é um dos desafios da reabilitação fisioterapêutica. A técnica ainda enfrenta obstáculos, especialmente relacionados à fadiga precoce e ao desconforto do paciente.

A UnB desenhou um ensaio clínico, comparando correntes monofásicas e bifásicas aplicadas com pulsos curtos e pulsos largos.

Na eletroestimulação, pulso significa o tempo de duração de cada estímulo elétrico enviado ao nervo ou ao músculo. Pulsos curtos ativam diretamente os axônios motores, gerando força rápida, porém acompanhada de maior fadiga. Já os pulsos largos conseguem recrutar fibras sensoriais que desencadeiam o reflexo medular, produzindo contrações mais fisiológicas, distribuídas e resistentes à fadiga.

Novas formas de eletroestimulação

O ponto de partida da pesquisa foi o reconhecimento de que a EENM convencional, que utiliza pulsos curtos, recruta fibras musculares de maneira pouco fisiológica. No funcionamento natural do corpo, o sistema nervoso segue o princípio de Henneman, recrutando primeiro fibras menores e resistentes à fadiga antes das fibras maiores e mais fatigáveis. Mas na estimulação elétrica tradicional isso não acontece: os pulsos curtos ativam diretamente axônios motores, produzindo contrações intensas, porém rapidamente fatigantes.

A literatura indicava que pulsos largos poderiam ativar fibras sensoriais do tipo Ia, acionando o Reflexo-H, que passa pela medula espinhal antes de retornar ao músculo. Esse caminho gera um padrão de recrutamento mais próximo do fisiológico, reduzindo a fadiga.

A equipe adotou um delineamento cruzado e randomizado, no qual cada participante é comparado consigo mesmo. Os participantes não sabiam qual corrente estavam recebendo, o que evita influências subjetivas no desempenho e na percepção de desconforto.

Os achados mostraram que o local de aplicação e a largura do pulso determinam padrões distintos de ativação muscular. Quando aplicada no tronco nervoso, a corrente de pulso largo gerou maior ativação pela via central, evidenciada pelo aumento do Reflexo-H e menor queda de torque ao longo do esforço. Isso indica menor fadiga e um recrutamento mais natural. Já a aplicação no ventre muscular provocou maior ativação direta e mais torque inicial, mas com fadiga mais acentuada.

Outra descoberta importante foi que as correntes bifásicas, mais comuns e confortáveis, produziram resultados equivalentes — e em alguns casos superiores — aos das correntes monofásicas. Isso é relevante porque equipamentos bifásicos são mais acessíveis na clínica e melhor tolerados pelos pacientes.

As implicações são amplas: pacientes ortopédicos, idosos, indivíduos pós-AVC, pessoas com lesão medular e atletas podem se beneficiar de protocolos mais eficientes, seguros e confortáveis.

T LB

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *