Vítima sobrevivente passou a investigada após apuração da corporação
O policial civil Everton Apolinário Brandão Silva foi inocentado por atirar contra dois irmãos, em Aparecida de Goiânia, em 10 de agosto, após investigação da Polícia Civil de Goiás (PCGO). A informação foi divulgada nesta terça-feira (26) em coletiva de imprensa pelo delegado Sérgio Henrique Alves. Com a conclusão do inquérito, o sobrevivente dos disparos passou a ser investigado.
Conforme o delegado, as imagens de câmeras de segurança do local mostraram que o policial agiu em legítima defesa ao ser confrontado por Vanderluiz Carvalho da Silva, 37, que estava armado – inicialmente a pé e depois com uma caminhonete blindada. Enquanto ele tentava cercar o policial, o irmão dele, André Luiz Vieira de Carvalho, 41, que morreu dois dias após ser baleado, tentava atingir o agente pelo outro lado, informou Sérgio Henrique. “Por isso, o policial civil efetuou o disparo. Ele revidou.”
Vanderluiz foi atingido por um tiro no quadril e teve alta. Como a caminhonete é blindada, a corporação investiga se o disparo foi feito pelo próprio homem. Ele pode ser indiciado por porte ilegal de arma de fogo e tentativa de homicídio, além de outros crimes em apuração. A defesa dele disse à TV Anhanguera que vai se atualizar do caso antes de se manifestar.
Reviravolta
O caso dos dois irmãos baleados em Aparecida de Goiânia pelo policial Everton Apolinário Brandão Silva, em 10 de agosto, durante uma briga por causa de som alto, teve uma reviravolta na última semana. Imagens divulgadas pela TV Anhanguera mostraram que, diferente do relatado pela família das supostas vítimas, o agente chega amigavelmente para conversar com um grupo que participava de uma festa e estava em uma esquina, quando os convidados reagem com animosidade.
Inicialmente, a família afirmou que Everton chegou agressivo, se identificou como policial e ordenou que abaixassem o som. A gravação não corrobora essa versão. Inclusive, em depoimento, o agente disse que um dos irmãos foi buscar uma arma de fogo, enquanto ele ligava para a Polícia Militar (PM) para pedir reforços.
Durante a confusão, o policial baleou os dois irmãos, André Luiz Vieira de Carvalho, que morreu no último dia 12, e Vanderluiz Carvalho da Silva, que já teve alta. O caso aconteceu no setor Colonial Sul, em Aparecida de Goiânia. Everton detalhou o caso em depoimento.
Depoimento
“Como é de rotina, eu sempre passo na casa da minha mãe para ver como ela está. Quando eu observo, o André está na esquina da casa da minha mãe, acompanhado de outro homem [Vanderluiz] e mais duas mulheres. Eu aproveitei o momento para parar o carro e conversar com o André a respeito do som, tendo em vista que eles tinham falado que iam continuar a festa lá. Pela questão da saúde da minha mãe. Uma conversa amistosa a respeito disso”, disse o policial em depoimento divulgado pela reportagem.
Ele continua: “O outro rapaz que estava do lado dele entra na conversa e fala: ‘Você não manda na rua’. Como meu vizinho, o André sabe que eu sou policial. Imagino que ele também sabia, porque ele já chegou falando: ‘Vocês não mandam na rua, vocês só são homens de farda e arma na cintura, e aqui quem manda é a gente. E a gente vai por som alto e ficar com o som alto até a hora que a gente quiser.”
Ainda conforme o depoimento, o policial declarou: “Eu falei, não é assim que funciona, eu vou te provar que não é assim que funciona. Tem leis e meios para isso… Tem a Semma que fiscaliza, então assim, eu estou na camaradagem aqui, de forma amistosa, falando com o André. Eu não te conheço e ele falou ‘não, então você vai conhecer’. Em um dado momento, lá, que começou a aflorar os ânimos, ele falou assim: ‘Vocês acham que têm peito de aço? Que vocês são blindados? Mas não é não’. Ele já estava exaltado ali na hora. Ele estava vindo para cima e eu já imaginei que ele fosse querer me agredir e eu me afastava.”
Nesse momento, o policial resolve ligar para a PM e pedir apoio. A gravação mostra ele ao telefone, atrás do carro. Enquanto Everton falava, Vanderluiz desceu em direção à casa do irmão, momento em que buscou uma arma de fogo, conforme o depoimento.
Em outro vídeo de ângulo diferente, é possível ver quando Vanderluiz abre a porta de uma caminhonete e pega um objeto, que seria a arma. Ele, então, corre em direção ao policial, que ainda está no telefone. Quando percebeu a investida, Everton gritou e mandou o homem se afastar. Os presentes também gritaram para o homem parar. “Eu ia para segurar… E ele vem me afrontando com essa arma na cintura. Nesse momento, eu saco a minha arma e peço para o André se afastar e falo para ele parar. Com isso, eu peço apoio para a Polícia Militar.” O homem armado retorna à caminhonete e dá ré na direração de Everton, enquanto as pessoas, inclusive o irmão, André, tenta pará-lo, batendo na lataria. Nesse momento, o policial percebe o carro e se abriga na lateral do próprio veículo.
Everton atira no veículo em duas ocasiões, que depois fugiu. André, conforme o agente, teria ido para cima dele também neste momento. “Eu falo para o André se afastar. Quando eu estou com a arma em punho, eu vejo o André visualizando a minha arma e ele abre os braços e vem na minha direção. Eu levo a mão para ele não vir e ele vem, aí eu efetuo um disparo na região para baixo. Pegou próximo ao abdômen e ele ainda insiste. Nessa hora eu dei o segundo disparo e é onde ele cai.”
Vanderluiz, que buscou a arma no caminhonete, não tem autorização. Ele, inclusive, já foi preso por porte ilegal, constrangimento e tráfico de drogas. Ele foi baleado no quadril, mas recebeu alta na última semana. As investigações ainda estão em andamento e a arma atribuída ao irmão sobrevivente ainda não havia sido encontrada.
Correio de Santa Maria, com informações da Polícia Civil de Goiás (PCGO).