Quinta-feira, 07/08/25

Prisão de Bolsonaro ameaça negociação sobre tarifas, alerta AEB

José Augusto de Castro: "É melhor não fazer nada agora do que fazer algo errado e ter que reverter depois" - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Em entrevista ao Correio, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil diz que crise política pode paralisar nas negociações e defende cautela por parte do governo

As negociações sobre as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, que entram em vigor nesta quarta-feira (6/8), tendem a ser ainda mais delicadas diante da crise política no Brasil, agravada pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A avaliação é de José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que alerta para o risco de paralisação nas negociações e defende cautela por parte do governo. “Esse tipo de situação pode suspender conversas importantes. Nenhuma das partes — nem o Brasil, nem os Estados Unidos — vai querer negociar em meio a ânimos exaltados”, afirmou. 

Segundo ele, declarações fora de contexto podem intensificar tensões diplomáticas e prejudicar ainda mais o ambiente de diálogo. Para o especialista, o ideal neste momento é evitar decisões precipitadas. “É melhor não fazer nada agora do que fazer algo errado e ter que reverter depois”, disse.

Castro defende que uma das estratégias mais eficazes no curto prazo seria ampliar a lista de produtos isentos da nova taxação. “Uma alíquota de 50% inviabiliza completamente a exportação. Qualquer redução é como um impulso à competitividade”, argumentou.

Embora o governo norte-americano tenha concedido isenção tarifária a 694 produtos, o que representa cerca de 45% do valor exportado pelo Brasil aos Estados Unidos, ele considera que a indústria brasileira ainda enfrenta entraves estruturais para lidar com o impacto. “O Custo Brasil é alto demais, especialmente para manufaturados, que já saem perdendo. Diminuir esse custo leva tempo, mas é essencial.”

Questionado sobre o plano de contingência do governo brasileiro, Castro diz que ainda não teve acesso ao conteúdo e acredita que, por ora, a melhor atitude é agir com prudência. “Muita gente fala, mas poucos têm condições reais de agir. É preciso evitar atritos e decisões técnicas mal calculadas”, concluiu.

Correio de Santa Maria, com informações da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *