Quarta-feira, 10/12/25

Jornada Regional de Qualidade de Vida do GDF promove palestras e troca de experiências sobre saúde mental no trabalho

Jornada Regional de Qualidade de Vida do GDF promove palestras e troca de experiências sobre saúde mental no trabalho
Jornada Regional de Qualidade de Vida do GDF promove palestras e troca de experiências sobre saúde mental no trabalho | Reprodução

Em um universo de mais de 12 milhões de servidores públicos no país, que compõem mais de 12% do trabalho formal do Brasil, os temas de saúde mental ganham espaço por necessidade. Dados emitidos pelo portal do governo federal apontam que, para cada mil servidores, há entre 12 e 13 em afastamento por saúde mental. e que até cinco pessoas já estão em processo de sofrimento. As informações são baseadas no artigo Absenteísmo — Doença entre Servidores Públicos do Setor de Saúde do Distrito Federal, publicado no periódico Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, em 2018.

O tema foi um dos pilares abordados na Jornada Regional de Qualidade de Vida no Trabalho, evento realizado pela Secretaria de Economia (Seec-DF), nesta quarta-feira (10). Cerca de 200 pessoas acompanharam palestras e discussões sobre diferentes temas relacionados à saúde mental, no Auditório José Nilton Matos, da Academia de Bombeiros Militar do Corpo de Bombeiros Militar do DF.

A ação foi fruto de uma parceria com a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), entidade nacional que representa o segmento, e com o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário da União (Sindjus), que tem um acordo de cooperação técnica com o Governo do Distrito Federal (GDF). A ocasião buscou criar um espaço regional de diálogo para troca de experiências e fortalecimento das práticas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).

De acordo com o secretário-executivo de Valorização e Qualidade de Vida do DF, Epitácio do Nascimento Sousa Júnior, o intuito é contribuir para um serviço público cada vez mais humano, colaborativo e orientado ao bem-estar. “Esse encontro foi destinado a agentes de QVT, lideranças de gestão de pessoas, representantes de órgãos, membros de comitês e comissões, grupos de trabalho e também servidores do GDF interessados em bem-estar e saúde emocional, um tema que queremos avançar muito no ano de 2026. É um dia especial composto por vários palestrantes nessa temática e que traz a reflexão cada vez mais da importância do crescimento da Qualidade de Vida no Trabalho no âmbito do GDF e também a nível nacional”, afirmou o gestor.

Entendendo o burnout

Durante as palestras, o principal assunto relacionado à qualidade de vida no trabalho foi a prevenção e combate à Síndrome do Esgotamento Profissional, popularmente conhecida como burnout — um distúrbio emocional causado por estresse crônico no trabalho. Entre os sintomas estão a exaustão física e mental extrema, distanciamento do trabalho, cinismo, irritabilidade e sensação de ineficácia ou baixa realização profissional, levando a problemas como insônia, ansiedade, baixa produtividade e, em casos graves, depressão, exigindo busca por ajuda médica e psicológica.

Conforme apontou o presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), José Antônio Coelho Júnior, a causa do desgaste vai além de horas ou trabalho excessivo, podendo estar em relações do meio de trabalho, uma liderança tóxica, injustiças, desvalorização profissional, falta de autonomia, entre outros fatores como um ambiente de competição no acompanhamento das métricas e metas atingidas.

Ainda segundo o estudo, a média de afastamento do servidor público é de 18 dias, chegando a mais de 40 para doenças de saúde mental, mostrando um período de reabilitação prolongado. Outro dado levanta que as servidoras mulheres possuem maior nível de afastamento em saúde mental que homens. “Dentro disso existe o espaço para a falar sobre assédio, liderança não capacitada, falta de canais de comunicação, falta de rede de acolhimento e falta de conhecimento da liderança para conseguir dar vazão a tudo isso e o impacto financeiro que representa”, ressaltou Coelho.

O especialista reforçou que o tema deve ser tratado de cima para baixo para uma melhor eficácia e acolhimento dos servidores que sofrem do esgotamento, com uma estrutura de apoio. “Você não escolhe ter burnout. Colocar a pessoa que, muitas vezes, está fragilizada na condição de ela buscar unicamente ser a responsável pela cura, talvez seja o caminho mais dolorido e difícil, porque ela já está desabilitada de estruturas e até de autonomia. O ideal é que as instituições e a sociedade, de forma geral, se conscientizem do tema. É preciso ter a educação das pessoas para identificarem situações de risco que possam estar levando a sinais de adoecimento e esgotamento, capacitando líderes para perceber o movimento de sofrimento e o quanto o ambiente está influenciando nisso, antes que vire algo que perpetue através de valores institucionais”, frisou.

Para o profissional, eventos como as palestras promovidas nesta quarta estão entre os caminhos para alcançar cada vez mais nichos: “Quando você faz uma ação dessa de promoção de saúde e qualidade de vida, você cria amortecedores e dispositivos para que essas pessoas encontrem canal de comunicação, liderança capacitada e principalmente rede de apoio, para não chegarem a um afastamento que vai ter questões sociais e de estigmatização na volta do ambiente de trabalho, que, para ela, é sempre algo muito trabalhoso e complexo que exige muita maturidade e condição do próprio departamento que vai recebê-la novamente”.

Programas de apoio do GDF

O servidor público da Secretaria de Economia, Erinaldo da Silva Lêla, de 57 anos, destacou a importância do encontro e das ações promovidas pelo GDF, incluindo o Espaço do Servidor, no 16º andar do Anexo do Palácio do Buriti, como um ponto crucial de descanso. “Utilizo muito esse espaço, principalmente nos momentos mais difíceis, quando me sinto estressado ou cansado. As práticas que chegam até a gente, como a ginástica laboral, só vieram para ajudar. Praticar um esporte também é fundamental, desestressa, melhora a qualidade de vida e evita visitas aos médicos. A qualidade de vida no trabalho é uma ferramenta nova deste GDF e acho que hoje em dia não podemos mais ficar sem”, observou.

Por Correio de Santa Maria ,com informações do Governo do Distrito Federal

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