Segunda-feira, 01/12/25

Advogada e PM presos por extorsão faziam “oração” para multiplicar dinheiro de vítimas

Advogada e PM presos por extorsão faziam "oração" para multiplicar dinheiro de vítimas
Advogada e PM presos por extorsão faziam "oração" para multiplicar dinheiro de vítimas | Imagem: Reprodução

Em uma gravação, uma mulher e um homem foram flagrados realizando uma espécie de “oração da extorsão” sobre maços de dinheiro arrecadados por uma organização criminosa.

As imagens, obtidas pela polícia, mostram os dois agradecendo e pedindo que o dinheiro fruto das cobranças violentas fosse “multiplicado”.

No vídeo, uma mulher conduz a reza enquanto um homem acompanha em silêncio com as mãos sobre o montante. A advogada diz:

“O Senhor nos faz grande e que todos tenham gratidão, e que o dinheiro retorne para nós. Um dinheiro abençoado… e que estamos abençoando essas pessoas. Pedimos a Deus que multiplique esse dinheiro. Pedimos ao Pai amado que nós possamos multiplicar esse dinheiro.”

Frieza e confiança

As imagens, segundo investigadores, simbolizam o nível de organização, frieza e confiança que o grupo tinha em sua atuação criminosa. O dinheiro exibido foi arrecadado mediante humilhação, agressões físicas e ameaças armadas a pessoas endividadas.

A Polícia Civil prendeu seis integrantes da organização criminosa acusada de praticar agiotagem, extorsão, tortura mediante sequestro e lavagem de dinheiro. Entre os detidos estão:

  • um homem, ex-candidato a vereador pelo PL;
  • uma mulher, sua esposa;
  • dois outros policiais militares;
  • dois civis.

A denúncia que desencadeou a investigação partiu da própria Polícia Militar, após constatar indícios de envolvimento de seus integrantes em crimes graves.

Tatiane e Hebert eram casados e publicavam a rotina nas redes sociais

Violência brutal

Além da chamada “oração do dinheiro”, a polícia recolheu vídeos que registram a violência cometida durante as cobranças. Em uma das gravações, um homem agride uma mulher que havia pegado empréstimo com o grupo:

  • O homem aparece armado dentro da casa da vítima, que permanece sentada na cama, acuada.
  • Ele desfere tapas no rosto da mulher e a insulta.
  • Em tom ameaçador, afirma que ela estava “mexendo com vagabundo”.
  • A vítima chora e afirma que não recebeu o dinheiro cobrado.

Ao ser ameaçada de ter o celular tomado, ela implora para ficar com o aparelho, dizendo que precisava dele para trabalhar.

Em desespero, oferece que o policial olhe o armário para comprovar que não tinha comprado sequer o básico para a própria filha.

Mais agressão

Outros vídeos da quadrilha mostram homens ajoelhados, chorando e sendo espancados com [OBJETOS]. Em um deles, um agressor afirma: “Aqui no Goiás você vai aprender como funciona.”

Uma mulher não se limitava a fornecer apoio jurídico. Em outra gravação, ela aparece golpeando um homem com um [OBJETOS] durante uma cobrança, gritando: “Levanta! Levanta o braço, porra!”

Durante o cumprimento dos mandados, os policiais apreenderam:

  • armas de fogo;
  • objetos usados em agressões;
  • cerca de R$ 10 mil em espécie, parte visivelmente relacionada à “oração do dinheiro”.

A Polícia Civil afirma que o grupo operava como uma organização criminosa estruturada.

Imagem de Bolsonaro

Ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL), um homem usou intensamente a imagem do ex-presidente em sua campanha de 2024, quando se apresentava como defensor da moralidade e da anticorrupção.

À época, percorreu a cidade em trio elétrico fazendo ataques pessoais ao prefeito e à família dele, o que lhe rendeu condenações judiciais.

O homem havia passado longo período afastado da corporação por questões psicológicas e havia retornado recentemente, mas ainda não atuava nas ruas.

Os detidos devem responder por extorsão, tortura, agiotagem, lavagem de dinheiro e outros crimes correlatos. As investigações continuam.

T LB

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