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Em 2026, a inteligência artificial deixa definitivamente de ser promessa para se consolidar como infraestrutura estratégica da economia global. Nos últimos anos, testemunhamos um salto sem precedentes: a IA passou de aplicações pontuais em chatbots e análise de dados para se tornar o cérebro que orienta decisões, antecipa riscos e molda novas formas de relacionamento entre empresas, clientes e investidores.
Se esse ano, a adoção ainda estava muito vinculada à busca por eficiência, o novo ano marca um ponto de inflexão. No setor financeiro, vemos algoritmos ajustando carteiras de investimento em tempo real, com base em volumes de informação que seriam inalcançáveis pela intuição humana. Na indústria e no varejo, plataformas inteligentes já assumem decisões sobre compras, produção e logística, cruzando variáveis de consumo, compliance e sustentabilidade. Até mesmo a comunicação corporativa vive uma transformação, com a ascensão do Generative Engine Optimization – uma lógica em que a reputação digital passa a ser construída não apenas por meio de marketing, mas pela consistência e credibilidade das informações disponíveis para os sistemas de IA generativa.
Esse cenário traz uma mensagem clara para líderes empresariais: não se trata mais de adotar tecnologia como acessório, mas de reorganizar modelos de negócio em torno de uma inteligência distribuída, ética e confiável. A governança de dados deixa de ser diferencial para se tornar obrigação regulatória.
No Brasil, o debate em torno do Marco Legal da Inteligência Artificial já sinaliza que princípios como transparência, não discriminação e supervisão humana serão exigências básicas para empresas que desejam competir em setores sensíveis, como o financeiro e o de saúde.
Ao mesmo tempo, cresce a responsabilidade de garantir que as decisões tomadas por algoritmos sejam auditáveis, explicáveis e livres de vieses que possam reproduzir desigualdades históricas. A privacidade de dados ganha ainda mais relevância em um mundo hiperconectado, enquanto os impactos ambientais da infraestrutura tecnológica entram no centro das discussões sobre sustentabilidade.
Mas há também uma oportunidade sem precedentes. Empresas que tratarem a IA como infraestrutura estratégica colherão ganhos de precisão, inovação contínua e capacidade de oferecer experiências personalizadas em escala. Profissionais que conseguirem transitar entre finanças, tecnologia, dados e ética estarão na linha de frente dessa transformação, tornando-se indispensáveis para organizações que desejam prosperar.
Na minha visão, 2026 será lembrado como o ano em que a inteligência artificial deixou de ser tendência emergente para se tornar parte da espinha dorsal da economia. A diferença entre prosperar e perder relevância estará na capacidade de integrar a IA de forma transparente, responsável e estratégica a cada decisão corporativa.
A história nos mostra que grandes revoluções tecnológicas sempre redefiniram a economia global. A inteligência artificial é a mais recente, e, possivelmente, a mais profunda dessas revoluções. O desafio, agora, é garantir que esse poder seja usado para ampliar a confiança, acelerar a inovação e gerar valor sustentável para negócios e sociedade.
Marcelo Ciasca é CEO Brasil do Grupo Stefanini.
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