A decisão dos Estados Unidos de enviar navios de guerra para a costa da Venezuela reacendeu a tensão entre Caracas e Washington. Sob sanções há anos por parte da comunidade internacional, o país latino-americano ocupa a 50ª posição no ranking global de poder militar.
O que aconteceu
Venezuela tem índice de Power Index (força militar relativa) de 0,8882 — quanto mais próximo de zero, maior o poder relativo. Os dados são do Global Fire Power, portal internacional que ranqueia forças militares anualmente. A lista de 2025 considera mais de 60 fatores e abrange 145 países.
Os Estados Unidos lideram esse ranking. O país tem índice Power Index de 0,0712.
Na América Latina, a Venezuela fica atrás de Brasil (11º), México (32º), Argentina (33º), Colômbia (46º), Chile (47º) e Peru (50º). O desempenho regional ajuda a dimensionar a capacidade venezuelana frente a vizinhos com maior orçamento e modernização.
O governo Trump enviou três destróieres para águas próximas à Venezuela sob o argumento de combate ao narcotráfico no Caribe. A movimentação inclui os navios USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, e diplomatas em Washington indicam possibilidade de reforços aéreos e submarinos;
Maduro reagiu ao movimento dos EUA com a mobilização de milhões de milicianos. Segundo o colunista do UOL Jamil Chade, a Casa Branca fala em “todas as opções na mesa”, e o presidente anunciou um “plano especial” que mobiliza 4,5 milhões de milicianos. A apuração também registra a escalada retórica de Washington e o impacto regional do envio dos navios.
A FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) reúne 337 mil integrantes entre militares e paramilitares. O total é composto por 109 mil militares ativos, 8 mil reservistas e 220 mil paramilitares ligados às milícias bolivarianas. Analistas internacionais ouvidos pelo jornal “El País” apontam, porém, que parte desse contingente enfrenta problemas de treinamento, deserções e baixa disponibilidade operacional, limitando a real capacidade de mobilização do país.
Recursos estratégicos e limitações
As reservas de petróleo e gás dão fôlego potencial ao aparato militar venezuelano. Segundo o Global Firepower 2025, o país dispõe de cerca de 303 bilhões de barris de petróleo, a maior reserva provada do mundo, e de 5,67 trilhões de m³ de gás natural. A produção atual é de aproximadamente 731 mil barris de petróleo por dia e 21,6 bilhões de m³ de gás por ano, enquanto o consumo interno é muito menor.
A prontidão é apontada por analistas como o ponto sensível do aparato militar venezuelano. Reportagens do “El País” destacam manutenção precária, dependência de insumos externos e dificuldades logísticas que reduzem a capacidade real de resposta. Na prática, há distância entre o inventário registrado nos rankings e o que pode ser mobilizado com rapidez e eficiência;
Poderio militar: EUA x Venezuela
O efetivo americano soma 1,39 milhão de militares ativos, além de mais de 440 mil reservistas. O inventário inclui 13,2 mil aeronaves, 6,6 mil tanques e 490 navios de guerra, entre eles 11 porta-aviões e dezenas de destróieres nucleares.
A Venezuela dispõe de números bem menores e com menor grau de modernização. São cerca de 109 mil militares ativos, 229 aeronaves, 172 tanques e 34 navios, incluindo apenas um submarino e uma fragata.
O orçamento militar do país latino-americano estimado é de US$ 4 bilhões. Já o dos EUA é de US$ 895 bilhões, segundo o Global Firepower.
Comparação regional
Brasil aparece como a maior força militar da região. O país ocupa a 11ª posição no ranking global, com cerca de 366 mil militares ativos. Conta ainda com 439 aeronaves, 469 tanques e um orçamento de defesa estimado em US$ 21,6 bilhões.
Colômbia mantém um efetivo numeroso e forças em operação contínua. Em 42º lugar no ranking global, reúne 293 mil militares ativos, 337 aeronaves e 94 tanques. O orçamento de defesa chega a US$ 10,8 bilhões.
Argentina se apoia em blindados e logística, apesar do orçamento menor. Classificada em 35º lugar, soma 80 mil militares ativos, 252 aeronaves e 231 tanques. O orçamento militar é de US$ 3,3 bilhões.
Contexto político e diplomático
A pressão de Washington sobre Maduro inclui recompensa milionária. A Casa Branca elevou para US$ 50 milhões (cerca de R$ 273 milhões) a recompensa pela captura do líder venezuelano, acusado de comandar um “cartel de narcoterroristas”.
Diplomatas alertam que a operação pode extrapolar o patrulhamento contra o narcotráfico. Segundo a coluna de Jamil Chade, o movimento americano é lido em Caracas como ameaça direta ao regime, e governos da região acompanham com preocupação. Há receio de que a escalada militar agrave ainda mais a crise venezuelana e abra espaço para confrontos abertos.
Maduro busca apoio em aliados estratégicos como Rússia e Irã. Essas parcerias militares e políticas são vistas como tentativa de equilibrar a pressão dos Estados Unidos, embora especialistas apontem que a dependência externa reforça a vulnerabilidade do país diante de um eventual conflito direto.
Correio de Santa Maria, com informações do UOL