O país que nasceu sob o ideal de justiça e desenvolvimento se vê hoje sufocado pela impunidade, pela desordem moral e pela perda de valores que ameaçam seu verdadeiro progresso.
Por: Vital Furtado
O lema estampado em nossa bandeira — Ordem e Progresso — nasceu como um ideal de uma nação forte, justa e comprometida com o bem comum. Era a síntese de um Brasil que aspirava ao desenvolvimento, à disciplina e ao respeito às leis. No entanto, o que se vê nas últimas décadas é um país que se distancia, a passos largos, desses princípios. A desordem institucional e a degradação moral tomaram conta da política, da economia e até das relações sociais, transformando o sonho republicano em uma constante luta contra a corrupção e o caos.
A corrupção, antes vista como exceção, tornou-se regra. Escândios se sucedem em todos os níveis de poder — federal, estadual e municipal — envolvendo partidos e políticos de todas as cores. O dinheiro público, que deveria garantir saúde, educação e segurança, escorre pelos ralos da má gestão e dos esquemas ilícitos. Enquanto isso, o povo sofre com serviços precários, impostos altos e a sensação de que a honestidade virou desvantagem em um país onde o esperto é exaltado e o correto é ridicularizado.

Essa deterioração moral refletiu diretamente na ordem pública. O respeito às leis se enfraqueceu, a impunidade ganhou terreno e a baderna se instalou nas ruas e nas instituições. Grupos ideológicos, de todos os lados, passaram a confundir liberdade de expressão com o direito de destruir, bloquear, invadir e impor suas vontades. O debate saudável foi substituído pelo ódio, e o diálogo, pela intolerância. O resultado é um país dividido, onde o “nós contra eles” impede qualquer avanço real.


Enquanto o povo clama por justiça, o sistema se acomoda. Leis brandas e tribunais politizados tornam o combate à corrupção um teatro previsível, em que raros são os verdadeiramente punidos. O exemplo que vem de cima é desanimador: quando líderes públicos ignoram princípios éticos, a sociedade tende a seguir o mesmo caminho. A ausência de consequência alimenta o ciclo vicioso da desordem, e o Brasil, que deveria ser referência de progresso, torna-se sinônimo de descrença.

Mas nem tudo está perdido. Ainda existe uma parte da sociedade que acredita, que trabalha, que paga seus impostos e luta por um país melhor. São brasileiros anônimos, que resistem à cultura da vantagem e que mantêm viva a esperança de ver o verde e amarelo voltar a representar orgulho e não decepção. É dessa força silenciosa que pode renascer o verdadeiro Ordem e Progresso, baseado em valores, educação e justiça.
O Brasil precisa reencontrar seu rumo, resgatar sua identidade e romper com o ciclo de corrupção e desordem que tanto o destrói. Só com instituições firmes, cidadãos conscientes e líderes comprometidos com a verdade será possível devolver ao povo a confiança em seu próprio país. Do contrário, continuaremos assistindo à lenta transformação do nosso lema em uma amarga ironia: de Ordem e Progresso à Corrupção e Baderna.
Correio de Santa Maria; por Vital Furtado






