Ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) afirma que trouxe assunto à tona nos governos Lula e Bolsonaro
A advogada Tônia Galleti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), afirmou em depoimento à CPI do INSS que alertou dois ex-ministros da Previdência sobre as fraudes em descontos nas aposentadorias e pensões. Um dos alertas, segundo ela, foi feito a Carlos Lupi durante reunião do CNPS em meados de 2023, no governo Lula. Segundo ela, o assunto não voltou a ser tratado no Conselho até março de 2025, quando ela deixou o colegiado.
—Eu alertei para o fato de que essas entidades estavam atuando de forma errada e que era necessário discutir isso no Conselho, se tinham sede, estrutura, se prestavam serviço — disse Galletti, ao se referir à criação de sindicatos e associações fantasmas só para receber descontos indevidos dos aposentados.
A advogada também contou ter procurado o ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis para tratar do assunto no períodop. Ele é suspeito de participar do esquema de fraudes contra aposentados, segundo relatório da Polícia Federal, o que ele nega.
Galletti acrescentou que também chamou a atenção sobre o problema durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre 2021 e 2022, disse ter procurado o então diretor de Benefícios do INSS, José Carlos Oliveira, promovido posteriormente a ministro do Trabalho e Previdência.
Quando depôs à CPI, Oliveira afirmou que só soube das supostas fraudes em 2023, quando já havia deixado o ministério e o INSS.
— Na época em que fui diretor e presidente, não se falava disso. Nós tínhamos na época 60 recomendações da CGU sobre vários assuntos, mas nenhum falava do modelo de desconto associativo. Eram mais de 500 acórdãos do TCU, e nenhum tratava desse assunto — afirmou.
Também à CPI, Lupi já negou que só teve acesso a informações sobre a dimensão do esquema quando as investigações da PF avançaram:
— A gente, infelizmente, não tem o poder da adivinhação. Nunca tivemos capacidade de dimensionar o tamanho ou o volume do que esses criminosos fizeram no INSS. Foi só depois da investigação para valer, da PF — afirmou.
Em entrevista, Galletti já havia dito que alertara Lupi sobre o problema dos descontos indevidos dos aposentados logo depois de sua posse na pasta, em janeiro de 2023. Segundo ela, o ministro estava acompanhado de assessores, prometeu investigar, mas nada foi feito.
Galletti participava do CNPS como representante do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que aparece entre as entidades que receberam dinheiro descontado indevidamente dos beneficiários do INSS, segundo relatório da Polícia Federal.
Já os governistas apostam no depoimento de Felipe Macedo. Ele é expresidente da Amar Brasil, outra entidade citada no relatório da PF. Macedo é considerado próximo ao PL, partido de Jair Bolsonaro e fez diversas doações para políticos alinhados com o ex-presidente.
Correio de Santa Maria, com informações da CPI do INSS






