28/11/2019 às 04h53min - Atualizada em 28/11/2019 às 04h53min

Só há um tipo de deputado honesto: o que não usa fundo partidário

O dinheiro não vai para os “partidos” – vai, na prática, para as pessoas que mandam neles

J. R. GUZZO
METRÓPOLES

Os parlamentares brasileiros estão fazendo um “esforço concentrado”, como eles próprios chamam as suas tentativas mais agressivas de aprovar com rapidez alguma coisa – em geral, alguma coisa da qual vão tirar proveito material imediato.

Como se sabe, o Congresso Nacional, uma das nossas “instituições”, roubou dos cidadãos deste país, em plena luz do dia, uma montanha de dinheiro para distribuir entre “os partidos”, com a desculpa velhaca de que precisam de recursos do erário público para pagar as despesas que têm de fazer no exercício da atividade política.

É o infame “Fundo Partidário”. Na melhor das hipóteses, iriam meter a mão em 1,7 bilhão de reais. O governo tenta segurar o valor do assalto em 2 bi. Os deputados estão querendo mais de 4, simplesmente o dobro, para o ano que vem.

Não há uma única coisa em toda essa história que seja verdadeira. O dinheiro não vai para os “partidos” – vai, na prática, para as pessoas que mandam neles.

É falso que, ao saquear dinheiro público, os políticos estejam evitando a extorsão de dinheiro privado para pagar suas campanhas eleitorais e outros gastos; vão fazer as duas coisas ao mesmo tempo, apenas isso.

Os recursos do “Fundo Partidário” não se destinam a pagar despesas legítimas (vá lá) da ação política – os parlamentares querem usar esses bilhões para virtualmente tudo, do pagamento de diárias de motel a honorários de advogados criminalistas para defendê- los em seus processos na justiça.

Quer saber quem são as pessoas honestas e quem são as desonestas no Congresso brasileiro? É muito fácil. Honesto, de verdade, só há um tipo: o que se recusa a usar a verba do “Fundo”.


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