O senador Ronaldo Caiado (Democratas) usou a tribuna do Senado nesta quarta-feira (15/03) para denunciar o uso do dinheiro da venda da Celg para a compra de prefeitos em Goiás por parte do governador Marconi Perillo (PSDB). Segundo o parlamentar, está em curso no Estado um forte mecanismo de pressão para que os prefeitos saiam de seus partidos para aderir ao PSDB, sob pena de não verem os recursos chegarem às suas cidades.
Recentemente no Encontro Estadual do PSDB, ocorrido no dia 17 de fevereiro, o governador expôs publicamente a artimanha. Ele disse na ocasião: “E eu não desisti da meta de chegar rapidamente, ainda no primeiro semestre, aos 100 prefeitos. Temos que ter cuidado em relação aos partidos da nossa base, mas eu insisto que nós temos uma meta de chegar aos 100 prefeitos, pois isso vai ser importante para o nosso projeto em 2018”.
Para o senador, é lamentável e deprimente o mau uso do dinheiro público em favor de projetos de poder. “No ano passado assumi a tribuna várias vezes para relatar a minha preocupação com a privatização da Celg. Não por ser contra a privatização, porque acho que o Estado deve se restringir, mas porque queriam aproveitar a transação para enterrar esqueletos, esconder a má gestão e os desvios ocorridos para campanhas políticas”, lembrou.
Além do óbvio prejuízo ao Estado com a transação – o governo ficou com R$1,1 bilhão da venda, mas assumiu dívidas de R$ 2,4 bilhões com a Caixa Econômica, R$ 3,7 bilhões com o BNDES, além de renunciar a parte do ICMS por 28 anos -, o dinheiro da venda tem sido usado única e exclusivamente para pressionar prefeitos.
“A pergunta que faço é a seguinte: onde está o Ministério Público de Goiás? É possível um partido que elegeu 77 prefeitos usar o dinheiro da Celg para pressionar outros prefeitos a aderirem ao partido? Isso é uma afronta ao eleitor. A máquina do governo vai contra o desejo daqueles que elegeram os prefeitos em suas cidades”, denunciou.
Ronaldo Caiado também elencou a situação de Goiás, mostrando como o governo está mais atento ao continuísmo do que à administração pública. “É inaceitável, inadmissível. O Estado é o 2º em roubo de carros no País. Os Hospitais Regionais estão inacabados. São 448 obras atualmente sem conclusão. E o dinheiro da Celg está sendo usado para um projeto político para 2018. Por essa mesma razão é que a Celg foi o Petrolão de Goiás”, lamentou.