Família diz que idoso acusado de atropelar PM foi espancado

Valdez Santiago Gomes, 77 anos, teve traumatismo craniano, rachadura na face próximo ao glóbulo ocular e pode ficar cego

05/05/2020 07h35 - Atualizado em 05/05/2020 às 07h35
Família diz que idoso acusado de atropelar PM foi espancado
Atropelamento ocorreu no último sábado na DF 001, sentido Brazlândia
Um idoso de 77 anos, envolvido em um acidente na DF-001, sentido Brazlândia, no último sábado (2/5), foi examinado nesta segunda-feira (4/5) pelo Instituto de Medicina Legal (IML). A família alega que Valdez Santiago Gomes foi espancado até ficar inconsciente por um sargento da Polícia Militar e pelo irmão dele, que o acusam de atropelamento. Ambos estavam de bicicleta.
 
De acordo com o filho de Valdez, Carlos Eduardo da Silva Gomes, o idoso teve traumatismo craniano e rachadura óssea na face próximo ao glóbulo ocular, além de vários hematomas pelo corpo. Ele poderá perder a visão de um dos olhos e sofrer sequelas neurológicas.
 
A ocorrência informada pela Polícia Militar alega que, na ocasião, Valdez foi preso em flagrante por embriaguez ao volante. Segundo consta na ocorrência, o teste do bafômetro teria apontado 0,76 mg/L. A família contesta a versão. Segundo o filho, o idoso não foi submetido a nenhum teste no local do acidente e que também não foi feita perícia para confirmar o atropelamento.
 
"Quando cheguei ao local do acidente, só havia uma viatura do Samu tentando estabilizar os sinais vitais do meu pai. Ele estava todo machucado e desacordado. Minha irmã o acompanhou até o HRT (Hospital Regional de Taguatinga e, lá, a ameaçaram e a retiraram de perto do meu pai. Se fizeram o bafômetro, foi no hospital, e não no local do acidente. Esse não é o procedimento. Eles tinham de ter feito um exame de sangue. Como fazem bafômetro em um homem desacordado?", questiona Carlos.
 
Segundo a família, Valdez não chegou a atropelar o ciclista. "Meu pai saiu do condomínio e estava escuro. Ele tinha que subir uma rampa de terra e não viu o ciclista, mas não o atropelou, apenas o derrubou da bicicleta. Uma testemunha que interviu na situação nos contou que, logo em seguida, o ciclista que caiu e o outro que vinha logo atrás começaram a agredir o meu pai ainda dentro do carro. Depois, o retiraram e continuaram batendo. O carro está cheio de sangue", detalha o filho da vítima.
 
Outra versão
 
A PM informou que chegou ao local do acidente apenas após a saída do idoso para o hospital e que a perícia ficou sob responsabilidade da Polícia Civil. O ciclista atropelado informou aos agentes que atenderam a ocorrência que machucou a clavícula, desmaiou e que não viu o que aconteceu. Mas o filho de Valdez, que estava no local, dá outra versão.
 
"Depois que o levaram para o HRT, chegaram cerca de 20 viaturas e policiais. Pedi para que identificassem os dois que fizeram aquilo com meu pai, mas me agrediram e me ameaçaram. Tomaram até meu telefone, além de ameaçar as outras testemunhas. Diziam que, se não sumissem, levariam todos presos", conta. "Um policial chegou a chutar o retrovisor do carro do meu pai e disse que era para simular o atropelamento. Mas o carro do meu pai não tem um amassado, um arranhão, nada que indique que o ciclista foi a vítima", complementa.
 
De acordo com a família, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Contra Pessoa Idosa (Decrin) foi acionada e um boletim de ocorrência, registrado na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). 
 
Em nota, a Polícia Militar apenas reafirmou as informações do atropelamento e não rebateu as acusações da família.
 
Atenção: Imagens fortes
 Ver galeria . 6 Fotos
Braço machucado Arquivo pessoal
Braço machucado Arquivo pessoal
Braço machucado

  • Ir para GoogleNews
Notícias Relacionadas »