O governo só admitiu problemas com os respiradores depois que o MPF iniciou investigação sobre a compra. A administração de Hélder Barbalho (MDB) vinha negando que os aparelhos estivessem em uso, mesmo com as reclamações dos profissionais de saúde.
Shangrila 510S
Enquanto o governo justifica o caso dizendo que recebeu o respirador errado, o modelo de fato adquirido já foi alvo de críticas pela sua ineficácia. Em reportagem elaborada pela NBC News médicos denunciam a baixa qualidade do respirador modelo Shangrila 510S F – o que não foi entregue.
Os problemas com o respirador Shangrila 510 (Beijing Aeonmed), segundo os médicos, são vários: "o suprimento de oxigênio do equipamento era "variável e não confiável" e sua qualidade de construção "básica". Outro problema grave identificado é que o estojo de tecido do respirador não pode ser limpo adequadamente, o que é imprescindível para uso no tratamento da covid-19. "O equipamento foi desenvolvido para uso em ambulância e não para hospitais. Acreditamos que, se usado, pode causar danos significativos ao paciente, incluindo a morte", diz o trecho de uma carta assinada por uma associação de médicos da Inglaterra, país que também adquiriu esse modelo de respiradores.
Crise
O Brasil de Fato entrou em contato com o governo do Pará para perguntar se houve pesquisa sobre a qualidade dos respiradores comprados e também sobre o prazo que esperam solucionar o caso, mas até o fechamento desta reportagem não houve resposta.
Enquanto isso, o Estado contabiliza 709 vítimas da covid-19 até esta segunda-feira (11) e mais de 7.500 infectados. Atualmente, segundo dados do Ministério da Saúde, o Pará é sétimo estado do Brasil com maior número de vítimas do novo coronavírus, ficando atrás, apenas, de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Amazonas e Maranhão, respectivamente.
Edição: Rodrigo Chagas