Hoje os políticos tradicionais vêm buscando o apoio dos grandes grupos de comunicação em troca de capital político nas próximas eleições, o que faz parte do cálculo político. Eles fazem isso ao apoiarem iniciativas como a CPMI das Fake News e aderirem à narrativa que visa criminalizar a livre expressão nas redes sociais, consideradas reduto das fake news. Coincidentemente, o canal de contato e apoio entre sociedade e o presidente Jair Bolsonaro.
Mas os grupos de comunicação que ora buscam fortalecer essa narrativa, nem sempre estiveram tão pessimistas. Por volta de 2005, até meados de 2013, a interatividade e pluralidade eram vistos como grandes avanços que fortaleceriam a democracia e ampliaria os direitos.
Mas essa liberdade da internet, tão festejada desde o início deste século por jornalistas, ativistas e líderes políticos da esquerda, começou repentinamente a ser tratada como um risco à “democracia”. O curioso é que, justamente no momento em que a sociedade inteira ganhava em liberdade de expressão e participação política, com o surgimento de comunidades virtuais e redes sociais, começavam a ganhar força política discursos sobre opressão de minorias, num movimento financiado por grandes grupos econômicos.
A eleição de Jair Bolsonaro foi o resultado deste desenvolvimento tão festejado pela esquerda no início, e que foi abandonado no meio do percurso diante da percepção de que ele não estava indo na direção desejada.
Assim como na Primeira Guerra Mundial, quando marxistas se desiludiram com a classe operária que preferiu ir à guerra por seus países (e não pela classe), a esquerda atual vive mais uma decepção com a liberdade humana e uma profunda crise de legitimidade perante a população. No tempo das guerras, a alternativa foi o foco na mudança do sujeito revolucionário, da classe para outros grupos e identidades. Os globalistas de hoje, herdeiros legítimos dos velhos marxistas, aprenderam para que servem as minorias e as utilizam quando precisam...