Os resultados das provas do Exame Nacional de Ensino Médio, Enem, divididos por escola mostraram mais uma vez o abismo que o nível socioeconômico dos alunos produz na aprendizagem. Menos de 5% das 1.000 escolas com as notas mais altas são públicas. Mais de 50% delas são escolas de nível econômico alto ou muito alto. Não há escolas desse nível econômico entre aquelas com nota pior. Por outro lado, mais de 50% das 1.000 escolas com notas mais baixas do teste estão no nível social baixo ou muito baixo.
Esses resultados foram divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do governo responsável pelas avaliações educacionais no país. O indicador de nível socioeconômico usado pelo Inep leva em conta a escolaridade dos pais dos alunos, os bens e a contratação de serviços feita pela família.
Não é novidade o fato de os primeiros colocados serem escolas da rede privada. Mas, este ano, a disparidade de resultados entre as redes foi muito maior. Enquanto em 2014 havia 93 escolas públicas entre as 1.000 mais bem colocadas, neste ano esse número passou para 49. Durante a coletiva de imprensa para divulgar a lista, a presidente do Inep, Maria Inês Fini, aproveitou para dizer que os baixos resultados das escolas públicas enfatizam a necessidade de reforma do ensino médio. A educadora referia-se à Medida Provisória baixada pelo presidente Michel Temer há duas semanas, que prevê a flexibilização das disciplinas e o aumento de horas de aula, entre outras mudanças.
O Inep já tinha divulgado o resultado parcial do Enem 2015 em janeiro. Naquela ocasião, constatou-se que a média das notas em matemática, linguagens e ciências da natureza foram inferiores ao exame anterior, de 2014. Somente a área de ciências humanas e a redação tiveram nota média superior. Neste ano, 104 candidatos tiraram a nota máxima em redação (1.000 pontos), enquanto 53 mil estudantes zeraram nessa prova. A maioria obteve nota entre 501 e 600.