O ministro também disse que o caixa 2 “frauda a democracia” e defendeu as delações premiadas, que permitiram, segundo ele, o desbaratamento de organizações criminosas infiltradas no poder público.
“É impossível não sentir vergonha pelo que está acontecendo no Brasil e não podemos desperdiçar a chance de fazer com que o futuro seja diferente. Nós nos perdemos pelo caminho e precisamos encontrar um caminho que nos honre como projeto de País e nação”, disse Barroso.
Segundo o ministro, há uma “impressionante quantidade de coisas erradas” ocorrendo no País. “É uma prática institucionalizada, que vai do plano federal, passa pelo estadual e chega ao municipal. Pode ser na Petrobras, no BNDES, na Caixa Econômica, nos fundos de pensão, no Tribunal de Contas do Estado A, B ou C, tudo está contaminado pelo vício de levar vantagem indevida, para deixar de fazer o que se tem de fazer”, comentou.
Na avaliação do ministro, a corrupção é “um mal em si” e “não devemos pegar esse atalho equivocado que não nos levará a lugar algum de que não se pune aqueles que frequentam os mesmos banquetes que a gente”.
Caixa 2
Em meio a movimentações no Congresso Nacional para tentar anistiar punições para doação não declarada de campanha, Barroso ressaltou que, embora diferentes, “corrupção e caixa 2 são crimes, porque ambos desviam o dinheiro do lugar para onde deveria ir”.
“O caixa 2 frauda a democracia, porque faz com que quem tem mais dinheiro tenha mais representatividade do que quem tem menos dinheiro. O caixa 2 frauda o sistema democrático, a representação popular”, criticou, ressaltando que a não declaração de doações tem se tornado uma “prática institucionalizada”.
Em entrevista nesta semana ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, disse que não vê “como separar caixa 2 e corrupção”. “Ambas são condutas graves, implicam abuso de poder”, afirmou.
Em manifestação encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediu a cassação do presidente Michel Temer (PMDB) e a inelegibilidade da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) na ação que apura se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014.
Uma das principais acusações contra a campanha da petista à reeleição é de que tenha recebido recursos provenientes de caixa 2.