Um impasse potencializado pela pandemia do novo coronavírus vai atrasar o cumprimento de um acordo feito entre empresas de ônibus que atuam no sistema de transporte coletivo e o Governo do Distrito Federal (GDF). De um lado, a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) tem exigido que os grupos empresariais contratados pela pasta renovem a frota mais antiga e que permanece em circulação pelas cidades do DF. Do outro, a viação São José alega inviabilidade financeira para a compra de 435 novos veículos.
A Semob argumenta que, apesar das justificativas apresentadas, a empresa é obrigada a substituir carros antigos por mais novos, e não haverá exceção. Para se ter ideia, no caso de mini-ônibus e de ônibus básicos, a validade para a circulação nas ruas da cidade é de sete anos. Já para os padrons e articulados, o prazo chega a até 10 anos.
Contudo, a São José argumenta uma série de episódios ocorridos para justificar a manutenção da frota atual, incluindo a redução de 60% dos passageiros transportados pela empresa na pandemia, embora ela esteja operando com 100% da frota e mantendo empregos e salários dos rodoviários.
“A pandemia aumentou as despesas e a receita teve uma queda média de 60%, sendo que nas primeiras semanas da crise a redução chegou a 80%. Mesmo com a queda no número de passageiros, a empresa seguiu todas as determinações da Secretaria de Mobilidade e manteve 100% da operação. Aumentando ainda mais o desequilíbrio econômico financeiro, que vem crescendo desde o início do contrato. A pandemia apenas agravou esse desequilíbrio financeiro, que se arrasta desde o início da operação”, frisou a São José.
De acordo com a empresa prestadora do serviço, atualmente, a receita “não cobre sequer o custo operacional”, ou seja, não existe recurso para fazer novos investimentos. “Todo dinheiro é usado para cobrir os custos da operação”, insiste. A São José é uma operadora de serviço de transporte público responsável por 194 rotas de ônibus no Distrito Federal, incluindo as regiões de Brazlândia, Ceilândia e Recanto das Emas.
“É importante ressaltar que a Expresso São José tinha o objetivo de fazer a renovação da frota, tanto que 100 carros novos foram entregues no começo de 2020 e a concessionária chegou a reservar na fábrica a renovação do restante da frota. Com o desequilíbrio do contrato e a pandemia, foi necessário mudar o planejamento. Hoje, os veículos em operação têm em média 5,8 anos, idade inferior a média brasileira. Além disso os carros são vistoriados pela Semob regularmente”, explica a viação, em nota encaminhada à reportagem (leia abaixo).
Procurada, a Secretaria de Transporte e Mobilidade informou ter determinado a todas as concessionárias que operam no Sistema de Transporte Público Coletivo do DF, a renovação da frota. “Cabe destacar que a renovação está ocorrendo de forma gradativa, de acordo com a idade e o tipo de veículo, conforme previsto em regulamento”, destacou. Ainda conforme a pasta, apenas em em 2020, 175 veículos novos passaram a circular nas ruas do Distrito Federal.
Confira a íntegra da nota da São José:
“A Expresso São José foi oficiada para que apresentasse o cronograma de substituição de 435 veículos para o ano de 2020. Em resposta a essa determinação, é necessário que sejam feitas algumas considerações acerca da matéria, conforme tópicos a seguir.
Desde o início da pandemia, a Expresso São José tem tomado todas as medidas de prevenção. A frota está sendo higienizada, diversas vezes aos dias, com quaternário de amônia. Os colaboradores receberam máscaras e borrifadores com uma solução para fazer a higienização. Mesmo com a redução de 60% dos passageiros, a empresa está operando com 100% da frota, os salários estão em dia e nenhum trabalhador foi demitido.
A pandemia aumentou as despesas e a receita teve uma queda média de 60%, sendo que, nas primeiras semanas da crise, a redução chegou a 80%. Mesmo com a queda no número de passageiros, a empresa seguiu todas as determinações da Secretaria de Mobilidade e manteve 100% da operação. Aumentando ainda mais o desequilíbrio econômico financeiro, que vem crescendo desde o início do contrato. A pandemia apenas agravou esse desequilíbrio financeiro que se arrasta desde o início da operação.
Atualmente, a receita não cobre sequer o custo operacional, ou seja, não existe recurso para fazer novos investimentos. Todo dinheiro é usado para cobrir os custos da operação.
É importante ressaltar que a Expresso São José tinha o objetivo de fazer a renovação da frota, tanto que 100 carros novos foram entregues no começo de 2020 e a concessionária chegou a reservar na fábrica a renovação do restante da frota. Com o desequilíbrio do contrato e a pandemia, foi necessário mudar o planejamento. Hoje, os veículos em operação têm em média 5,8 anos, idade inferior a média brasileira, além disso os carros são vistoriados pela Semob regularmente.
O fim da pandemia não irá resolver a questão. A demanda de passageiros levará anos para normalizar, por diversos fatores, entre eles o desemprego. Aumentando ainda mais as dificuldades financeiras.
A Expresso São José reafirma o compromisso com a população do Distrito Federal e ressalta que tem trabalhado duro para proteger seus trabalhadores e para manter o transporte seguro e eficiente de forma regular aos passageiros.