Na literatura, traições ocorrem o tempo todo. Clássicos como Anna Karenina, de Liev Tolstói ou O Primo Basílio, de Eça de Queiroz, tratam sobre o poder destruidor da infidelidade. Nas relações humanas, a vida imita a arte e transforma o desejo do adultério em realidade. No Distrito Federal, por exemplo, existem 335 mil maridos e esposas infiéis inscritos em um site de relacionamento especializado em hospedar perfis de usuários dispostos a assumir o risco do relacionamento extraconjugal.
Para se ter ideia, o universo de cônjuges logados na plataforma digital representa 13% dos 2,57 milhões de habitantes da capital da república. A pedido do Metrópoles, o site levantou dados que possibilitaram traçar o mapa da traição no DF, como as regiões administrativas que mais abrigam maridos e esposas infiéis, a idade média e suas profissões.
De acordo com a pesquisa feita pelo site Ashley Madison, o mapa da traição mostra que a maior parte das mulheres que usa o serviço está em Sobradinho, Asa Sul e Ceilândia. Entre os homens, a maior concentração de usuários está em Vicente Pires, Sudoeste e Lago Sul.
Segundo dados da plataforma, Brasília teve o maior número de inscrições diários do país durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus. A média registrada foi de aproximadamente 200 a cada dia. No DF, a idade média de homens e mulheres que procuram sexo fora do casamento é de 33 anos.
No ranking das profissões dos adúlteros, aparecem profissionais ligados ao campo de gestão e finanças. Comércio e transporte surgem em segundo lugar, seguido por informática e tecnologia da informação. A área da saúde e educação fecham a lista.
Com a garantia de manter o anonimato, um homem e uma mulher que utilizam o site como ferramenta para manter relações extraconjugais toparam falar sobre suas experiências. Walter*, 50 anos, é comerciante e conta que a internet se tornou um reduto durante quarentena para fazer contato com mulheres casadas. “No momento está um pouco difícil por conta da pandemia, mesmo assim, eu continuo com encontros, só que bem menos do que antes”, disse.
Com estabilidade financeira e profissional, o comerciante explicou, na sua visão, as vantagens de usar a internet para trair a companheira. “As pessoas bem sucedidas não têm muito tempo e esses sites de encontros são bem práticos para pessoas casadas. Quando marcamos um encontro, já está tudo certo que somente vai acontecer sexo rápido e nada mais”, revelou.
Walter explicou que tudo ocorre de forma dinâmica depois que as conversas começam a ocorrer por meio da plataforma digital. No entanto, a cautela é total. “Depois de algumas conversas, partimos para a troca de fotos. Se houver afinidade, vamos ao encontro, sempre muito bem planejado para que o marido e a esposa não desconfie de nada. O tempo no motel é de, no máximo, três horas”, disse.
A estilista Mariana*, 37 anos, navega pelo site desde 2015 e conta ter definido uma série de estratégias no momento de concretizar o encontro com outros homens casados. “Trabalho de dia e estudo à noite, então, as trocas de mensagens são sempre combinadas num horário e dia pré-estabelecido. Encontros nos horários do almoço ou da faculdade e em motéis longe do convívio do lar. Nunca em locais públicos e jamais falamos muito da nossa vida íntima ou sobre o endereço de casa ou trabalho”.
A mulher ainda diz ter ficado mais de uma vez com a mesma pessoa, mas nunca existiu qualquer tipo de sentimento envolvido. “Fora isso, não passamos muito perfume para não ficar nas roupas alheias. Sempre sexo seguro com proteção”, garantiu.
Sobre os maiores riscos em manter uma vida sexual paralela ao casamento, a estilista disse que o maior problema é o aparelho celular. Sem dúvida, o maior problema é o telefone. Aviso para nunca fazer ligação, mandar mensagem nos fins de semana ou fora do horário pré-determinado. A maioria dos meus casos saiu do mundo virtual para o real e nunca fui descoberta”, finalizou.