Após uma série de operações realizadas no final do mês de agosto, a Secretaria de Proteção da Ordem Urbaniística (DF Legal) suspendeu semana passada as derrubadas de construções irregulares no Assentamento 26 de Setembro. Grileiros aproveitaram a interrupção para incentivar novas ocupações em lotes ainda não habitados.Em orientações que circulam por grupos de moradores do local no WhatsApp, lideranças mandam a comunidade configurar moradias, pois o Poder Público “não vai derrubar casas habitadas”, dizem as mensagens.
Em um dos textos, há explicação detalhada dos requisitos que configuram uma casa realmente habitada. Segundo as orientações, o ideal é dar “prioridade para um cômodo” e colocar “o banheiro pra funcionar, se não tiver cisterna peça água emprestada para seu vizinho”.
A justificativa é simples: a DF Legal não pode derrubar imóveis já com pessoas morando. Dessa forma, os responsáveis pela orientação afirmam que é melhor garantir apenas uma pequena casa que perder o investimento já feito na região. “Depois que tiver dentro é outra história, vai aumentando e faz do jeito que sempre sonhou, não corra o risco de tomar tamanho prejuízo”, completa o texto.
Os incentivadores da ocupação irregular ainda afirmam que o chamado “kit invasão” não é mais considerado habitação. “Não adianta mobiliar a casa encima (sic) da hora, se não tiver água, fossa, dejetos na fossa, caixa d’água é considerado ‘kit invasão”, apontam.
Confira a postagem:
Um dos pontos mais críticos da invasão é um condomínio que ainda está em fase de construção, em uma área próxima à DF-001 (fotos em destaque e abaixo). Um grande muro já foi construído e até há projeto pronto.
Grileiros têm anunciado as terras por altos preços. Conforme documento recebido pela reportagem, o lote é oferecido com valor mínimo de R$ 120 mil.
Veja:
Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, todo o material sobre o incentivo a novas ocupações na área e projeto do condomínio em construção, bem como proposta de venda de lotes no local, já estariam em poder da Polícia Civil do DF (PCDF) para investigação.
Questionada se há uma apuração em curso, a corporação ainda se pronunciou – o espaço segue aberto a manifestações posteriores.
De acordo com a Associação de Moradores Núcleo e Cidadania do assentamento, cerca de 30 mil pessoas moram no local. A mais recente derrubada ocorreu em agosto, coordenada pela DF Legal, para remover construções em andamento. A ação foi apoiada pela Polícia Militar: houve conflitos e pessoas ficaram feridas, incluindo um policial civil, que foi baleado.Segundo a DF Legal, as derrubadas são em regiões com construções ainda no início, “onde novas invasões tentam se instalar”. O objetivo, segundo o órgão, “é evitar as ocupações irregulares, fomentando menor impacto econômico, social e ambiental no Distrito Federal”.
A DF Legal informou que, até a última semana de agosto, foram liberados 344.400 m² na região. Ainda não há data confirmada para novas ações no assentamento.