Goiânia – O ex-secretário de saúde do município de São Miguel do Passa Quatro (GO), José Antônio Rodrigues, foi indiciado por peculato por furar a fila da vacinação contra a Covid-19. O ex-gestor, além de exonerado do cargo, não deve receber a segunda dose do imunizante.
A Polícia Civil de Goiás, por meio de Subdelegacia de Polícia de São Miguel do Passa Quatro, concluiu as investigações que apuravam irregularidades no programa de vacinação no município.
Dessa forma, de acordo com a polícia, ficou comprovado, por meio de documentos oficiais, que Rodrigues recebeu a 1ª dose apesar de não pertencer ao grupo-alvo vacinado à época – que previa apenas profissionais de saúde e idosos institucionalizados -, e valeu-se do cargo para receber a imunização.
A recomendação para que a segunda dose da vacina não seja ministrada é do Ministério Público de Goiás (MPGO).
Desde o início da imunização contra a Covid-19 em Goiás, casos e denúncias de fura-filas da vacina começaram a surgir. Ao todo, segundo balanço preliminar do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), existem procedimentos de investigação instaurados para apurar irregularidades na aplicação das vacinas em pelo menos 17 cidades goianas.
O número pode ser ainda maior, pois os cadastros dos inquéritos estão em andamento no sistema do MPGO. Nessas 17 cidades, são investigadas 19 situações diferentes em que pessoas fora dos grupos de risco ou de prioridade, conforme as regras da vacinação, foram imunizadas, passando na frente de quem, de fato, deveria ter recebido a dose da vacina.
No início de fevereiro, o governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM) incentivou as denúncias contra os casos de fura-fila da vacina de Covid-19 e cobrou bom senso, principalmente de autoridades públicas, para que ninguém fure a programação de vacinação.
“É isso que precisamos buscar, esse bom senso. A pessoa ter uma condição que faz parte da estrutura do município e de repente querer sobrepor a outros que tenham a prioridade neste momento…”, disse, destacando que isso não pode acontecer e que a população e a imprensa têm que denunciar e cobrar.
Segundo Caiado, a exposição destes casos é fundamental “para que as pessoas sejam constrangidas e que amanhã tenham que responder ao Ministério Público e também à Polícia Civil pela prática criminosa ao tomar a vacina fora da sua faixa etária ou [fora] da condicionante”, reforçou.
Caiado ainda destacou que é preciso seguir o regramento único a respeito da vacinação contra a Covid-19 e não começar a abrir exceções. “Pois senão cada corporação vai achar uma explicação do porquê da urgência dela. Não temos que criar situações paralelas”, destaca.