29/03/2021 às 18h27min - Atualizada em 29/03/2021 às 18h27min

Feminicídio: mulher que não combate o relacionamento abusivo pode ser a próxima vítima

Cris Oliveira
Blog da Cris Oliveira

Existe hoje na sociedade uma dificuldade em entender como as mulheres vítimas de feminicídio deixaram de seguir os sinais de um relacionamento abusivo. A coação e a humilhação que a vítima sofre ocupa a 5ª posição no mundo. Em média, perdemos de 12 a 13 mulheres para o feminicídio no Brasil, por dia.

Neste fim de semana, Samambaia foi novamente palco desse crime. A jornalista e comunicadora Evelyne foi estrangulada com fio elétrico pelo namorado no seu apartamento.

Bonita, garota propaganda, radialista e influente, Evelyne Ogawa, 38 anos, com certeza sabia dos direitos de proteção à mulher em caso de violência, mas o sentimento pelo agressor parece ter sido maior do que a coragem de tomar atitude. O feminicídio é crime de ódio. Não existe amor quando a violência está presente e homens assim, agressores, precisam de tratamento e punição. Não dá para amar à pancada.

Morando juntos há três anos, o casal não tinha histórico de brigas constantes, mas após uma discussão, a vítima permitiu a entrada do namorado no apartamento onde ocorreu o crime.

Evelyne foi morta e furtada pelo ex-namorado que se entregou na 26° DP, mas vai responder em liberdade pelo feminicídio. É o fim!

Qualquer mulher pode, sim, ser a próxima vítima. Falta entender que abuso não é amor, e que um empurrão ou um grito pode chegar ao feminicídio. Achar a violência normal e rotineira levará cada dia mais vítimas a serem mortas por machistas agressores.

O nosso sentimento é que a Lei Maria da Penha tem sido pouco como penalidade para os agressores. Quatorze anos de prisão não traz a vida dessas mulheres. A medida protetiva, sem a vigilância constante do estado, não resolve.

Na maioria dos casos, o autor da agressão tem boas relações na sociedade e dentro de casa é o “satanás” em figura de marido.

Falar de violência contra a mulher é fácil. Difícil é fazer uma vítima se abrir e contar o que está acontecendo na sua casa, quando ninguém está de plateia para perceber.

O medo da chantagem e da vingança do agressor é um dos motivos para as mulheres não procurarem ajuda ou, quando procuram, fazem o boletim de ocorrência em delegacias e se arrependem, com medo da punição que o agressor terá. Relacionamentos  abusivos acabam com a esperança da vítima, que, ao pensar no depois, no que pode acontecer, no medo da incompreensão de familiares e na vergonha de expor o problema, desistem. É muito difícil para as mulheres vítimas de violência.

Precisamos trabalhar pelo fim da sociedade machista.

Cris Oliveira


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