Existe hoje na sociedade uma dificuldade em entender como as mulheres vítimas de feminicídio deixaram de seguir os sinais de um relacionamento abusivo. A coação e a humilhação que a vítima sofre ocupa a 5ª posição no mundo. Em média, perdemos de 12 a 13 mulheres para o feminicídio no Brasil, por dia.
Neste fim de semana, Samambaia foi novamente palco desse crime. A jornalista e comunicadora Evelyne foi estrangulada com fio elétrico pelo namorado no seu apartamento.
Bonita, garota propaganda, radialista e influente, Evelyne Ogawa, 38 anos, com certeza sabia dos direitos de proteção à mulher em caso de violência, mas o sentimento pelo agressor parece ter sido maior do que a coragem de tomar atitude. O feminicídio é crime de ódio. Não existe amor quando a violência está presente e homens assim, agressores, precisam de tratamento e punição. Não dá para amar à pancada.
Morando juntos há três anos, o casal não tinha histórico de brigas constantes, mas após uma discussão, a vítima permitiu a entrada do namorado no apartamento onde ocorreu o crime.
Evelyne foi morta e furtada pelo ex-namorado que se entregou na 26° DP, mas vai responder em liberdade pelo feminicídio. É o fim!
Qualquer mulher pode, sim, ser a próxima vítima. Falta entender que abuso não é amor, e que um empurrão ou um grito pode chegar ao feminicídio. Achar a violência normal e rotineira levará cada dia mais vítimas a serem mortas por machistas agressores.
O nosso sentimento é que a Lei Maria da Penha tem sido pouco como penalidade para os agressores. Quatorze anos de prisão não traz a vida dessas mulheres. A medida protetiva, sem a vigilância constante do estado, não resolve.
Na maioria dos casos, o autor da agressão tem boas relações na sociedade e dentro de casa é o “satanás” em figura de marido.
Falar de violência contra a mulher é fácil. Difícil é fazer uma vítima se abrir e contar o que está acontecendo na sua casa, quando ninguém está de plateia para perceber.
O medo da chantagem e da vingança do agressor é um dos motivos para as mulheres não procurarem ajuda ou, quando procuram, fazem o boletim de ocorrência em delegacias e se arrependem, com medo da punição que o agressor terá. Relacionamentos abusivos acabam com a esperança da vítima, que, ao pensar no depois, no que pode acontecer, no medo da incompreensão de familiares e na vergonha de expor o problema, desistem. É muito difícil para as mulheres vítimas de violência.
Precisamos trabalhar pelo fim da sociedade machista.
Cris Oliveira