24/04/2017 às 06h43min - Atualizada em 24/04/2017 às 06h43min

Segurança vai de mal a pior. Quem tem carro, cuidado

Notibras

Quatrocentos carros roubados por mês. Essa é a média em todo o Distrito Federal, relativa ao primeiro trimestre do ano. A área de segurança pública, é o que se vê, vai de mal a pior. E quem tem carro – mesmo segurado – deve se cuidar.

Exemplos são muitos. Vamos ao caso de Ana Souza (nome fictício). Ela é professora e foi surpreendida por assaltantes armados, que levaram o carro, os materiais de aula e seus pertences, no começo de abril. O crime se deu por volta das 9h40, quando ela saía do Shopping Popular de Ceilândia Centro.

O caso – mais um entre centenas – é investigado pela 15ª Delegacia de Polícia Civil, de Ceilândia Sul. Até a manhã deste sábado, 22, ninguém havia sido preso pelo crime. Segundo Ana, o assalto ocorreu no estacionamento da feira e não tinha segurança no local.

O prejuízo total dos materiais chegam a 3 mil reais. Além disso, o carro, avaliado em R$ 40 mil, não tinha seguro. A professora conta que foi rendida no estacionamento da feira por dois homens. Eles chegaram do nada. Depois ela percebeu que tinha outro carro dando cobertura e anunciaram o assalto.

A dupla mandou a professora sair do carro. No veículo estavam maletas com perfuradores, painel de circo, pastas e outros acessórios. “É um sentimento grande de revolta, porque a gente trabalha tanto, né? Sinto muito medo, o que falta é policiamento no Distrito Federal”, desabafa, mesmo esperançosa de rever seu carro.

“Tenho monitorado os sites de compra de veículos, e tenho fé que vamos encontrar o carro”, observa, alertando internautas para que não caiam no golpe do carro roubado. “Não entrem nessa de comprar qualquer coisa por valor muito abaixo do preço de mercado para que a indústria do roubo não continue”, adverte.

Haja coração – Pelos números da Secretaria de Segurança Pública, nos primeiros três meses deste ano foram registrados 1.404 casos de roubos a veículos em todo Distrito Federal.

São 38 ocorrências a mais do que no mesmo período de 2016 (ver quadro). Só no mês passado foram 502 casos; já em março do ano passado foram 464 (ver quadro).
Segundo a Polícia Civil, no ano passado 62% dos veículos roubados foram recuperados.

Apesar desses números, o governo, inexplicavelmente, comemora uma queda da maioria dos índices em relação ao que era registrado em 2014, último ano do governo Agnelo Queiroz.

Segundo a pasta, de lá para cá, enquanto a população do DF aumentou em 140 mil habitantes, o efetivo da Polícia Militar encolheu em cerca de 2 mil 300 homens.

Zero é igual a mil – Os números apresentados pela Secretaria de Segurança e Paz Social não batem com a realidade. Muitos crimes têm sua origem numa situação, e ao final acabam sendo registrados em outra categoria. Por exemplo: uma tentativa de homicídio onde a vítima acaba falecendo no hospital deveria ser registrada como homicídio e não como tentativa. Isso atrapalha as estatísticas e confunde a sociedade que não conhece o sistema.

Um dado importante que não é revelado pela Secretaria é o fato de que em 2014, ainda no governo Agnelo Queiroz, os números subiram às alturas por conta da Operação Tartaruga da Polícia Militar, provocando enorme prejuízo à população. Essa máscara acaba por não refletir a realidade.

Agnelo ignorou o potencial da corporação e seus policiais e deixou para última hora para tentar reverter a situação, mas aí já era tarde. Agnelo nem conseguiu chegar ao segundo turno das eleições e amargou uma rejeição jamais vista, com atuação preponderante entre os maiores cabos eleitorais da cidade, que são os policiais civis, militares e bombeiros.

Zero contra milhares – A perda considerável do efetivo de policiais militares, responsáveis pela ronda nas ruas, é preocupante. De setembro até hoje a PM já perdeu mais de 2 mil 300 policiais. Esse número pode aumentar mais ainda, chegando a cerca de 4 mil policiais, caso as mudanças na previdência atinjam diretamente essa classe.

O concurso público que está em andamento tem abertura de vagas para pouco mais de 2 mil policiais. No entanto, somente os 500 primeiros serão chamados para um curso que dura em média 8 meses. Ou seja, até que se formem e se apresentem preparados para o serviço, a criminalidade só ganha campo.

A Lei 12.086/09 estipula que o efetivo da Polícia Militar seja de 18 mil 673 policiais. No entanto esse efetivo está defasado em mais de 30%, ou seja, há um contingente de apenas 6 mil policiais, o que compromete por demais o serviço de policiamento ostensivo executado pela corporação.

Essa lei, não cumprida, estabelece os critérios e as condições que asseguram aos policiais militares e aos bombeiros da ativa o acesso à hierarquia das Corporações, mediante promoções, de forma seletiva, gradual e sucessiva, com base nos efetivos fixados para os quadros que os integram. E como a 12.086/09 não é aplicada, a categoria vive desanimada.

Nas fileiras da PM e do Corpo de Bombeiros, o que se ouve é que os policiais que apoiaram a eleição de Rodrigo Rollemberg não perdoam a falta de compromisso dele, após mais de 2 anos de sua chegada ao Palácio do Buriti.

Lembram, a propósito, que o então candidato gravou um vídeo onde se comprometia a levar grandes benefícios às corporações militares. Hoje, contudo, observasse que tudo não passou de promessas vãs.


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