02/08/2021 às 15h44min - Atualizada em 02/08/2021 às 15h44min
Após participar de atos, Bolsonaro ataca Barroso: “Se acha o máximo”
Presidente voltou a subir o tom nas críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral e disse que atuação de Barroso tem limites
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar, nesta segunda-feira (2/8), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro e Barroso têm divergido em torno do voto impresso, ao qual o ministro é frontalmente contrário.
No domingo (1º/8), Bolsonaro participou por videoconferência de manifestações em defesa do voto impresso e voltou a falar de ameaça de fraude nas eleições de 2022.
Na manhã desta segunda, ao deixar o Palácio da Alvorada, o mandatário da República afirmou que Barroso “se acha o máximo”, mas sua atuação tem limites.
“Entre outras coisas, ele [Barroso] defende o aborto, a liberação de drogas, ele defende um montão de coisa que não presta. Ele se acha o máximo. Agora, ele tem os limites dele, eu tenho os meus e ele tem os deles. E ele tá abusando não é de hoje”, disse a apoiadores.
“Quem quer eleição suja e não democrática é o ministro Barroso. Esse cara se intitula como se não pudesse ser criticado. Ele foi para dentro do Parlamento fazer lobby”, disparou Bolsonaro. Nas últimas semanas, o ministro Barroso se reuniu com deputados e senadores de várias siglas a fim de tratar da defesa da urna eletrônica.
“O que ele ofereceu para o Parlamento? No dia seguinte, vários líderes trocaram integrantes da comissão. O que ele ofereceu? O que que esse homem tem de atraente?”, questionou o titular do Planalto.
“Armas da democracia”
O chefe do Executivo nacional ainda afirmou que querem “impor uma ditadura no Brasil usando as armas da democracia”. E disse que os mesmos ministros que tornaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elegível serão os que irão contar os votos.
Em novembro 2019, o Supremo formou maioria em favor de que o réu só seja preso após o trânsito em julgado – ou seja, quando esgotados todos os recursos. Com a alteração da interpretação que permitia a prisão de réus após condenação em 2ª instância, Lula foi solto. Barroso votou a favor da prisão após condenação em segunda instância, mas foi um dos votos vencidos.
Além disso, apesar do que disse o mandatário do país, a contagem de votos não é feita pelos ministros da Suprema corte. Especialistas em eleição e tecnologia garantem a confiabilidade da urna eletrônica e rebatem as acusações de fraude eleitoral.
PEC do voto impresso
A Câmara dos Deputados discute uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para que, “na votação e apuração de eleições, plebiscitos e referendos, seja obrigatória a expedição de cédulas físicas, conferíveis pelo eleitor, a serem depositadas em urnas indevassáveis, para fins de auditoria”.
Sem votos favoráveis na comissão especial, a votação da PEC foi adiada por aliados de Bolsonaro para depois do recesso parlamentar.
Bolsonaro tem acusado Barroso de interferência no Legislativo e dispara uma série de ataques ao ministro, o que aumenta a tensão entre Executivo e Judiciário.
Na última quinta-feira (29/7), Bolsonaro transmitiu uma live em que defendeu enfaticamente a adoção do voto impresso e voltou a falar sobre denúncias de fraude que circulam pela internet e já foram desmentidas.
O evento no Palácio da Alvorada foi aberto à cobertura de jornalistas credenciados e serviu também para o chefe do Executivo federal fazer fortes ataques ao ministro Barroso.