Por que apressar-se? Para virar alvo desde já de ataques dos seus adversários? A filiação bastará para que todos saibam de sua disposição para influir na escolha do sucessor de Bolsonaro. Poderá fazê-lo como candidato a presidente, a vice, a governador do Paraná, a senador ou apenas a cabo eleitoral de outro nome.
Sem que até agora tenha sugerido o que de fato pretende, Moro pontua bem nas pesquisas de intenção de voto. Na mais recente do PoderData, divulgada na semana passada, apareceu em terceiro lugar com 8%, atrás de Bolsonaro com 28% e de Lula com 35%. Não é nada, não é nada, mas já é alguma coisa a ser levada a sério.
Diretor da Quaest, Consultoria e Pesquisa, Ph.D. em ciência política, Felipe Nunes disse ao jornalista Vicente Nunes, do Correio Braziliense, que Moro não teria dificuldade de atingir 30% das intenções de voto caso aglutine as candidaturas esboçadas até aqui, mas esse parece um sonho improvável de materializar-se.
Se João Doria, governador de São Paulo, for o candidato do PSDB, ele irá até o fim para ganhar ou perder. Se o candidato for Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, aí haveria espaço para entendimento. A candidatura de Ciro Gomes simplesmente é irremovível. A de Pacheco, a depender. Quem mais?
Moro é o nome que mais atrai a parcela de eleitores que odeia Bolsonaro e Lula. É com tal cacife que ele se apresenta, embora ainda não tenha decidido seu destino. A resistência da classe política a apoiá-lo é grande. Direita e esquerda o acusam de ter demonizado a política quando comandou a Operação Lava Jato.
Há resistência dentro do próprio PODEMOS. Deputados acham que ele prejudicaria sua reeleição. Querem estar à vontade para votar em qualquer outro nome ou em nenhum, mas não querem dividir com um candidato a presidente a milionária verba dos fundos partidário e eleitoral. Meu quinhão primeiro. Sabe como é.
Quem mais teria a perder com Moro candidato é Bolsonaro. É dele que Moro subtrairia votos. Os dois correm na mesma raia.