11/11/2021 às 06h36min - Atualizada em 11/11/2021 às 06h36min

Crise entre Ciro Gomes e PDT bagunça cenário eleitoral para o GDF

Pré-candidato ao Planalto suspendeu candidatura. Chances de que ele mude de sigla alteram possíveis cenários para as eleições do ano que vem

Caio Barbieri
Metrópoles

A suspensão da pré-candidatura de Ciro Gomes para a Presidência da República pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) mexeu no tabuleiro político não apenas no diretório regional da sigla, mas também nos cenários que começam a ser construídos de olho no Palácio do Buriti em 2022.
 
A possível disputa do ex-governador cearense ao Palácio do Planalto impõe, por exemplo, limitações na construção de chapas ao Governo do Distrito Federal (GDF). Uma das alianças ventiladas é a do senador José Antônio Reguffe (Podemos), como candidato majoritário, e o ex-presidente da Câmara Legislativa (CLDF) Joe Valle (PDT), que é cotado como possível vice.
 
Nacionalmente, o partido de Reguffe aposta na candidatura do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, recém-filiado ao Podemos. Por outro lado, Valle teria de defender a candidatura cirista, o que inviabilizaria essa possibilidade.
 
 
Embora de forma discreta, pedetistas de Brasília avaliam como positiva a possível saída de Ciro Gomes da legenda, o que viabilizaria outras alianças.
 
Recém-filiada ao PDT, a ex-deputada distrital Eliana Pedrosa deve concorrer, no ano que vem, a uma das oito cadeiras do Distrito Federal na Câmara dos Deputados. Nas últimas eleições, Pedrosa obteve 105.579 votos e não chegou ao segundo turno na disputa pelo Palácio do Buriti.
 
Embora esteja alinhada com o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, a ex-parlamentar observa a movimentação do sobrinho, o atual deputado distrital Eduardo Pedrosa, que deixou o PTC para se juntar ao Democratas pouco antes do início da fusão com o PSL.
 
Com nascedouro no bolsonarismo, a nova agremiação ainda não definiu os rumos que deve tomar no ano que vem, e a incerteza leva o distrital a cogitar até mesmo um partido que garanta apoio, por exemplo, a Sergio Moro. Nesse caso, a tia e o sobrinho estariam em palanques diferentes numa mesma eleição.
 
Deputados distritais
 
No caso dos atuais mandatários distritais do PDT, a situação não é muito diferente. Reginaldo Veras também sinaliza interesse em disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados pela sigla. Contudo, militantes históricos nutrem resistência à ideia.
 
Quando Ciro Gomes suspendeu a pré-candidatura, Veras foi um dos primeiros a se manifestar pelas redes sociais, sinalizando o posicionamento público para esse grupo.
 
“Ciro tem razão. Não tapo o Sol com a peneira. Sou PDTista de alma, coração e ação, mas me sinto envergonhado com a atitude do partido na votação da PEC dos Precatórios”, escreveu.
 
Claudio Abrantes também é um nome que a sigla contabiliza para garantir vitórias nas eleições do ano que vem. Ex-líder do governo de Ibaneis Rocha (MDB) na Câmara, o parlamentar pretende manter a aliança com o titular do Palácio do Buriti em 2022, posicionamento diferente do correligionário de Câmara Legislativa.
 
Com o possível desconforto, Abrantes tem sido assediado para trocar de legenda durante a janela eleitoral, que é prazo garantido pela legislação para adequações de candidaturas. Contudo, o deputado despista a conversa. “Estou muito tranquilo no PDT”, resume.
 
Procurado, o presidente local da legenda, Georges Michel, minimizou os impactos regionais da decisão de Ciro Gomes no ano que vem.
 
“É natural que essas situações ocorram, mas ainda estamos a mais de um ano do dia da eleição. Uma coisa eu posso garantir: Ciro e Lupi estão em total sintonia. O que houve foi uma falta de orientação na votação do primeiro turno da PEC, mas isso se resolverá da melhor forma pelo nosso presidente”, finalizou.


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