A cada 24 horas, mais de 2,5 mil motoristas brasilienses são multados por excesso de velocidade. Somente nos dois primeiros meses de 2022, o Departamento de Trânsito (Detran-DF) emitiu quase 150 mil multas deste tipo. Especialistas alertam para o perigo do desrespeito aos limites das vias e consideram o trabalho de educação no trânsito como primordial para a conscientização dos condutores.
Com 29.243 multas expedidas nesse período, parar ou estacionar em local proibido aparece em segundo lugar, seguido por transitar em faixa exclusiva (21.207); deixar de usar o cinto de segurança (16.916); e avançar o sinal vermelho (15.760) (veja quadro com Balanço de Infrações em 2020 e 2021).
Diretor de Educação de Trânsito do Detran, Marcelo Granja ressalta que os autos de infração não têm o objetivo de "penalizar", mas de conscientizar o motorista e fazê-lo repensar. "Essa comunicação é para sensibilizar a comunidade para que tenha consciência do uso da via. Quando a legislação cria regras de velocidade média, por exemplo, é justamente porque há pessoas que não sabem do risco que correm e ao qual submetem os outros", explica. É considerado infração gravíssima quando a pessoa transita em velocidade 50% superior à máxima. A penalidade aplicada é a multa (três vezes) e a suspensão do direito de dirigir, com base no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Apesar de recorrentes, as infrações cometidas por uso de celular ao volante não aparecem na lista do ranking do Detran. No entanto, para Marcelo Granja, esse é um dos fatores determinantes para o risco de acidentes. O primeiro deles é o excesso de velocidade. "Nesse caso, o motorista pode deixar de perceber o pedestre na via, ou o ciclista, porque a velocidade tira a concentração." Teclar ou falar ao telefone também desconcentra o condutor, principalmente os desatentos à sinalização. "A terceira situação é a do álcool, que tira a pessoa do referencial. O motorista não consegue ter percepção de distância e perde o reflexo", acrescenta o especialista.
Educação
Para reduzir o número de infrações, o Detran trabalha com ações educativas, em escolas e empresas e em locais públicos de grande movimentação. Campanhas na mídia buscam sensibilizar e conscientizar a população sobre os riscos de acidentes que cada tipo de infração de trânsito gera para a segurança dos motoristas e pedestres nas vias.
"Temos um público que precisa desse trabalho educativo. Estamos tentando mostrar o risco dessas infrações, que podem levar à morte de um ente querido, por exemplo. E isso é a realidade. Queremos que as pessoas comecem a perceber o risco e que a atitude delas pode levar à uma morte", reforça Marcelo Granja.
Outra medida necessária para evitar o aumento no número de infrações é o trabalho de educação no trânsito nas escolas. Esta é a aposta do especialista em educação e engenharia de trânsito Welligton Matos. "É importante que meninos e meninas cresçam recebendo estas informações e que, depois dos 18 anos, — quando estão aptos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) —, estejam cientes de suas obrigações enquanto condutores", argumenta.
Na avaliação de Welligton, o foco do problema não está relacionado às punições aplicadas, mas, sim, no comportamento e nas normas não compreendidas. "No momento em que o cidadão entender que dirigir sem cinto pode levar a lesões corporais ou a óbitos, a conduta nas ruas se transformará", finaliza.