A reeleição de Ibaneis Rocha, ainda no primeiro turno, trouxe marcas importantes para a recente história eleitoral do Distrito Federal e uma ressignificância para os posicionamentos dos quadros políticos na Capital Federal.
Na eleição de 2022, todos os últimos nomes que ocuparam o Buriti estavam disputando algum cargo eletivo – Maria de Lourdes Abadia, José Roberto Arruda, Paulo Otávio, Rogério Rosso, Agnelo Queiroz, Tadeu Filipelli, Renato Santana, Rodrigo Rollemberg e Ibaneis Rocha. O atual governador foi o único a conseguir êxito eleitoral nesse ano. É certo que José Roberto Arruda só não foi eleito deputado federal pelo PL por impedimento judicial, e Agnelo Queiroz estava bem encaminhado para ser um dos parlamentares petistas a ocupar uma vaga na Câmara, e tal como Arruda, também foi alvejado por intercorrências com sua candidatura.
A vitória do atual Governador tem uma forte expressão eleitoral, pois ganhou uma reeleição em primeiro turno, fato este que nem Joaquim Domingos Roriz conseguiu. Cabe lembrar que Leandro Grass, o segundo colocado, obteve um número considerado de eleitores na reta final, chegado a aproximadamente 26%, que por mais que não tenha feito frente à Ibaneis, é um espólio importante.
Ibaneis saiu de outsider, oriundo do nicho da advocacia coorporativa de Brasília, um autêntico azarão, onde muitos os eleitores mal sabiam o seu nome, chegando a chamá-lo de “Libanês”, para se tornar o fenômeno de votos em 2022, vindo a derrotar o candidato que estava com a máquina estatal nas mãos. Ao fim daquela eleição muitos “articulistas” políticos, ainda impressionados com a vitória, se questionavam como aquilo tinha acontecido, e sobre a forma avassaladora com que o atual governador alcançou sua vitória.
O seu primeiro governo foi marcado por muitas intervenções estatais, obras e programas sociais. Assim como no mundo inteiro, a gestão local não passou ileso pela pandemia, porém destaco aqui o pioneirismo do GDF nas ações de combate à COVID. Outro fato que chama a atenção é a forma como Ibaneis se comporta perante aos órgãos de controle, que diferente de outras épocas, não deixou o governo submisso e manteve sua autonomia.
A sua relação com a Câmara Legislativa é definitivamente fisiológica, sem muitas alterações em relações aos seus antecessores. Destaco ainda que Ibaneis deva agradecer, também, a sua oposição. Os petistas, outrora opositores ferrenhos de Roriz, por exemplo, com representantes extremamente responsáveis, o símbolo dessa civilidade é a ex Deputada Arlete Sampaio, que apesar de opositora ao atual governo tem uma conduta exemplar no trato dos temas de interesse ao Distrito Federal, cobrando o governo mas sem prejudicar a população.
Por fim, a eleição do Deputado Wellington Luiz para presidência da Câmara Legislativa foi a mais recente grande vitória de Ibaneis Rocha. O seu candidato, que agora é o único, ainda conseguiu colocar na mesa diretora os deputados do PT e do PL juntos, isso é um feito para poucos. A eleição ainda não ocorreu, mas dificilmente esse quadro mudará até 2023.
São esses os motivos que me levam a afirmar que Ibaneis acaba de consolidar a sua própria corrente política no Distrito Federal, e mesmo estando no início de seu segundo mandato, já tem uma quantidade absurda de gente querendo herdar esse patrimônio eleitoral. Gostando ou não do atual governador, é inegável que ele se tornou uma força política local, vindo de uma carreira meteórica, que não foi obra do acaso.