24/03/2023 às 15h50min - Atualizada em 24/03/2023 às 15h50min

Juíza tira sigilo de ordens de prisão e busca contra membros do PCC

A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, tirou hoje o sigilo de documentos da operação que prendeu ontem nove membros do PCC (Primeiro Comando da Capital). O grupo é suspeito de planejar atentados contra autoridades.

​Juíza Gabriela HardtImagem: Enéas Gomez/Divulgação


O que aconteceu?

Hardt retirou o sigilo de quatro documentos:.
 
- O pedido da PF para executar prisões e buscas e apreensões contra o grupo,

-As duas decisões da juíza, autorizando as prisões (parte 1 e parte 2) e as buscas (parte 1 e parte 2)..

- O termo da audiência de custódia com os presos, realizada na tarde desta quinta (23)..

Segundo as investigações da PF (Polícia Federal), um dos alvos do PCC era o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a aparição do nome dele na operação seria uma "armação" do ex-ministro, pelo fato de as medidas terem sido autorizadas por Hardt

Isso porque Hardt foi, à época da operação Lava Jato, a juíza substituta de Moro nos processos que corriam no Paraná. Foi ela, por exemplo, que condenou Lula a 12 anos e 1 mês de prisão no processo referente ao sítio de Atibaia
O que se sabe sobre o caso.

PCC investiu quase R$ 3 milhões em ataque contra Moro e agentes públicos. O UOL apurou com fontes ligadas à investigação o valor investido em veículos blindados, armas e chácaras na região metropolitana de Curitiba.

Moro virou alvo por decisão que impediu visitas íntimas a presos. A decisão atingiu internos do sistema prisional federal, onde estão as lideranças do PCC.

A facção planejava ataques a outras pessoas, como o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo.

Suspeito saiu do presídio com missão de executar ataque. Patric Velinton Salomão, o Forjado, foi designado pela facção para cometer os atentados. Ele está foragido e é procurado pela PF.

Lula x Moro
Um dia antes da prisão de membros da facção, Lula havia falado em ter pensando em se vingar do ex-juiz entre 2018 e 2019. Ontem, depois que a operação foi deflagrada, o senador disse lamentar o comentário do mandatário.

A troca de farpas continuou: Lula afirmou hoje que a suposta armação era "visível", apesar de dizer que não queria "ficar atacando ninguém sem ter provas". O presidente estava no Complexo Naval do Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Ele também citou a juíza (Gabriela Hardt) que expediu os mandados de ontem e disse que iria buscar entender a sentença

“Fiquei sabendo que ela não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele. Eu vou pesquisar e saber o porquê da sentença. Não vou ficar atacando ninguém sem ter provas e, se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei o que vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que está mentindo.

Lula, em alusão a Sergio Moro.
Em seguida, Moro repudiou novamente a fala de Lula:

O ex-juiz disse à CNN Brasil ter virado alvo da organização criminosa por seu trabalho como "agente da lei" e afirmou ser inadmissível que Lula trate a situação "dando risada". Depois, o senador divulgou um vídeo com declarações sobre o assunto.
O senador cobrou seriedade: "Se algo acontecer com minha família, a responsabilidade é desse presidente, que deu risada", afirmou. "Então, pergunto ao senhor presidente: o senhor não tem decência? Não tem vergonha? Não respeita o cargo ou o sofrimento de um agente da lei?".

“Não posso admitir que o presidente, o maior magistrado do país, trate um assunto dessa gravidade dando risada e mentindo à população de que seria uma armação. Eu recebi a investigação das autoridades, do próprio ministro da Justiça dele. Sempre o tratei com humanidade enquanto juiz, fiz o meu papel, nunca tratei isso de forma pessoal e isso tem meu repúdio".


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