Mostrando otimismo tímido, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou neste sábado (29/7) sobre as perspectivas de crescimento da economia brasileira em 2023 e do peso da taxa básica de juros sobre essas previsões. Haddad tem aumentado a pressão sobre o BC às vésperas da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem, pelo início de um trajetória de queda na taxa Selic, hoje em 13,75%.
Haddad disse, em entrevista para o canal no YouTube da TV GGN, que o crescimento do PIB em 2023 terá como “fator preponderante” o desempenho do agronegócio no primeiro semestre, que deverá compensar um desaquecimento no segundo semestre causado, segundo o ministro, em grande parte pelos juros altos.
“O agro estava vindo muito forte no primeiro semestre e sabíamos que era o que daria sustentação para o crescimento econômico deste ano, como de fato vai ser o fator preponderante”, disse Haddad. “Mas não nos iludimos nesse crescimento, muito concentrado no primeiro semestre, [sabíamos] que não era razão pra festejar, pois já havia componentes de desaceleração bastante notáveis a partir de maio”, complementou o ministro.
“Por isso, entre maio e junho já deveria ter tido corte”, disse Haddad, em relação à taxa Selic, reclamando que “o Copom ainda tem um perfil bastante conservador”. Para ele, “se a taxa cair para 13,25% é uma sinalização, mas na prática é muito pouco”.
Em entrevista ao Metrópoles nesta semana, Haddad já havia dito esperar que a taxa Selic chegue ao fim do ano “no máximo” em 12%.
Recentemente o Ministério da Fazenda projetou alta de 2,5% no PIB brasileiro até o fim do ano. A previsão anterior era de um crescimento de 1,9%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou a estimativa de crescimento do Brasil em 2023 de 1,2% para 2,1%.
Reforma tributária
O ministro falou ainda para a TV GGN sobre a tramitação da reforma tributária no Senado, após passagem do texto pela Câmara. Haddad reclamou das exceções tributárias incluídas pelos deputados no texto e disse que gostaria que os senadores dessem “uma limada” no texto, deixando-o “mais enxuto”.
O ministro disse que, para isso, quer mostrar com transparência o quanto cada exceção vai custar no imposto que vai substituir os que existem hoje, que se chamará Imposto Sobre o Valor Agregado (IVA).
“Vamos mostrar no começo da semana que ou, no máximo, na outra, quanto custa, em termos de alíquota padrão, cada exceção no IVA”, disse ele. Previsões prévias diziam que a alíquota ficaria em 25%, mas cada exceção aumenta esse valor.
“Vai acumulando as exceções até chegar numa alíquota padrão que desvia da almejada pela sociedade”, disse o ministro. “Então, com transparência vamos debater, ver se tem justificativa. Tirar impostos da cesta básica é algo que está justificado, mas e o resto?”, questionou.